LIÇÃO 2: KATAKANA

Provavelmente, você já dominou o Hiragana. Portanto, é hora de partirmos para o segundo silabário: o Katakana. Após tê-lo aprendido, você possuirá um bom domínio da escrita japonesa.

2.1. O QUE É O KATAKANA?

Como vimos na lição anterior, o Kana originou-se a partir de Kanjis que eram usados foneticamente, apenas. Entretanto, diferentemente do Hiragana que foi desenvolvido a partir do estilo cursivo do man'yougana, o Katakana, originou-se de partes dos ideogramas – daí o nome “Katakana”, isto é, algo como “um pedaço de escrita silábica”. A tabela a seguir mostra o Kanji que deu origem a cada Katakana:

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A criação do Katakana foi um resultado da necessidade de se ter um sistema simples com o qual os monges aprendizes pudessem transcrever e memorizar as sílabas de suas sutras. De fato, este conjunto altamente modificado de caracteres fez com que o processo de transcrição de sutras se tornasse menos tedioso. Não somente a transcrição fora simplificada, mas o conhecimento amplo necessário para a escrita precisa dos Kanjis – que em um primeiro momento não era ideal para a língua japonesa – foi também evitado. Leia o significado do vocábulo “estenografia” e você entenderá melhor a origem do Katakana:

ESTENOGRAFIA: técnica de escrita que utiliza caracteres abreviados especiais, permitindo que se anotem as palavras com a mesma rapidez com que são pronunciadas; taquigrafia, logografia, pasistenografia. (Dicionário Houaiss)

2.2. CONHECENDO OS FONEMAS

O Katakana representa o mesmo conjunto fonético do Hiragana, porém, é claro, todos os caracteres são diferentes. Vejamos:

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Ao observar o Katakana Moji, atente-se aos seguintes fatos:

I. Todos os sons são respectivamente idênticos aos do Hiragana;

II. Como você verá mais adiante, já que 「を」 é usado somente como partícula e todas as partículas estão em Hiragana, você nunca precisará usar 「ヲ」 e, por isso, você poderá ignorá-lo sem problemas;

III. Preste muita atenção nos quatro caracteres 「シ」,「ン」,「ツ」 e 「ソ」, pois são extremamente similares uns aos outros e facilmente confundidos. Veja a figura abaixo:

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Basicamente, a diferença é que 「シ」 e 「ン」 são mais "horizontais" que os outros dois. As pequenas linhas tendem a ser mais horizontais e a linha longa é desenhada com uma curva de baixo para cima. Já 「ツ」 e 「ソ」 possuem as pequenas linhas quase verticais e a longa não é curvada tanto já que é desenhada de cima para baixo. É quase uma barra diagonal enquanto o anterior parece mais com um arco. Estes caracteres são difíceis de distinguir e requerem um pouco de paciência e prática;

IV. Os caracteres 「ノ」、「メ」、e 「ヌ」 também merecem um pouco de atenção, assim como, 「フ」、「ワ」、 e 「ウ」. Sim, todos eles são parecidos.

V. Um detalhe importante é a existência do caractere 「ヶ」. Ele parece ser uma versão em miniatura do fonema 「ケ」, mas não é. Trata-se de uma simplificação do Kanji 「箇」. Vamos observa-lo:

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Repare que 「ヶ」foi baseado no conjunto de traços da parte superior do referido Kanji. Dependendo de sua colocação, pode ter a pronúncia 「か」,「こ」ou「が」. Por exemplo, em 「霞ヶ丘」, 「ヶ」 tem a pronúncia 「が」→ 「かすみおか」.

*** 

O Katakana é expressivamente mais difícil de dominar se comparado ao Hiragana, porque é usado somente para certas palavras e com isso você acaba por não praticá-lo tanto como o Hiragana. Também, considerando-se que o japonês não possui nenhum espaço entre palavras, algumas vezes o símbolo 「・」 é usado para mostrar esses espaços como em 「ロック・アンド・ロール」 para "rock and roll". Usar este símbolo é completamente opcional e, por isso, algumas vezes, nada será usado.

2.3. O TRAÇADO

Com relação à parte teórica do traçado, o que foi visto no tópico de mesmo assunto na lição 1, se aplica ao Katakana.

A tabela seguinte mostra o método para a escrita de cada caractere Katakana. Os números e as setas indicam a ordem dos traços e o sentido respectivamente:

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Se preferir, assista ao vídeo abaixo:

NOTA: Quer praticar o traçado? Então baixe aqui folhas destinadas ao treino dos caracteres.

2.4. O SOM PROLONGADO

Praticamente tudo no silabário Katakana funciona da mesma maneira que no Hiragana, ou seja, você deverá apenas substituir caracteres Hiragana pelo equivalente Katakana. Porém, algo que é diferente é o fato que os sons prolongados são radicalmente simplificados aqui. Em vez de ter que pensar sobre os sons das vogais, todos os sons de vogais longas são indicados por um traço chamado 「ちょうおんぷ」. Ele é escrito na horizontal (ー) em texto horizontal (おうぶん) e vertical (|) em texto vertical (たてがき).

A tabela seguinte mostra os sons prolongados equivalentes em Hiragana e Katakana usando 「ハぎょう」 como exemplo:

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O 「ちょうおんぷ」 é usado algumas vezes com o Hiragana, como por exemplo, em placas de restaurantes de ramen, nas quais 「らあめん」é escrito 「らーめん」. Entretanto, como você sabe, o Hiragana normalmente usa outra vogal para o prolongamento de sons em vez do chouonpu.

2.5. OS 「ア、イ、ウ、エ、オ」 PEQUENOS

Por causa das limitações no conjunto de sons do Kana, algumas combinações novas foram sendo criadas com o passar dos anos para representar os sons que originalmente não faziam parte da língua japonesa. As mais notáveis limitações são a falta dos sons “ti / di” e “tu / du” – por causa dos sons “chi” e “tsu” – e a falta do som da consoante“F”, exceto o 「ふ」. Para as consoantes / sh / j / ch / também falta a vogal / e /.

A decisão para resolver estas deficiências foi adicionar versões pequenas dos sons das cinco vogais. Isto também foi feito para o som da consoante / w / para substituir caracteres obsoletos. Foi também estabelecido o uso de pequenas barras duplas no fonema 「ウ」 (ヴ) juntamente com 「ア、イ、エ、オ」 pequenos para indicar a consoante / v /, mas tal método não é muito usado, provavelmente devido ao fato de que os japoneses continuam com dificuldades em pronunciar o / v /. Por exemplo, enquanto você pode achar que "volume" seja pronunciado com um som de / v /, os japoneses optaram pela simples pronuncia "bolume" (ボリューム). Da mesma forma, vodka é escrito "wokka" (ウォッカ) e não 「ヴォッカ」. Você pode escrever “violino” 「バイオリン」 ou 「ヴァイオリン」 (do inglês “violin”). Isso realmente não importa, já que quase todos os japoneses irão pronunciá-lo com o som de / b / de qualquer forma.

A tabela seguinte mostra em destaque os sons que faltavam e que foram adicionados. Outros sons que já existiam são utilizados apropriadamente:

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NOTA: devido à variedade de sons que palavras estrangeiras podem ter, as versões menores das vogais podem acompanhar outros fonemas, como em「グ」 (som “GUA”). Por exemplo, “Paraguai” pode ser escrito 「パラグイ」.

2.6. O USO DO KATAKANA

Agora que conhecemos o Katakana e suas particulariedades, neste tópico abordaremos o seu uso concretamente. No japonês moderno, ele é usado basicamente para a transcrição de palavras de línguas estrangeiras, chamadas “Gairaigo” (mais detalhes na lição 9). Por exemplo, “televisão” em japonês vem do inglês “television” e é escrito (テレビ). De modo similar, o Katakana é utilizado geralmente para nomes de países, lugares estrangeiros e nomes não-japoneses de pessoas. Por exemplo, “Estados Unidos da América” é comumente escrito (アメリカ), em vez do uso de ateji (亜米利加) (mais detalhes na lição 4). Outros usos do Katakana incluem:

I. Onomatopéias: palavras usadas para representar sons. Por exemplo, (ピンポン), o "ding-dong", som de uma campainha;

II. Termos técnicos e científicos: palavras como nomes de espécies de animais, plantas e minerais são também comumente escritas em Katakana. Por exemplo, Homo sapiens (ホモ・サピエンス), como espécie, é escrito (ヒト), em vez de seu Kanji 「人」;

III. Transcrição de nomes de corporações japonesas: este é um uso frequente, mas não “dogmático”. Por exemplo, “Suzuki” é escrito (スズキ), e Toyota, (トヨタ);

IV. Ênfase: o Katakana é também usado para ênfase, especialmente em sinalizações, anúncios publicitários e outdoors. Por exemplo, é comum encontrarmos grafias como 「ココ」 (aqui), 「ゴミ」 (lixo), ou 「メガネ」 (óculos). Palavras que o escritor deseja enfatizar em uma sentença também são escritas em Katakana, semelhante ao uso de itálico;

V. Documentos formais e funções gramaticais: em documentos oficiais anteriores à Segunda Grande Guerra, o Katakana e o Kanji eram usados conjuntamente da mesma forma que Hiragana e Kanji o são no japonês moderno, ou seja, era usado, por exemplo, para o okurigana (lição 4) e partículas, tais como “wa” e “wo”;

VI. Telegramas e Computação: o Katakana também foi utilizado para telegramas no Japão antes de 1988, e para sistemas de computador – antes da introdução de caracteres multibyte – na década de 1980. Nesta época, a maioria dos computadores usavam Katakana em vez de Kanji ou Hiragana;

VII. Palavras sino-japonesas: embora as palavras emprestadas do chinês antigo sejam geralmente escritas em Kanji, palavras oriundas de dialetos chineses modernos que são emprestadas diretamente, são escritas em Katakana em vez de se usar as leituras On’yomi (lição 4). Observe o quadro abaixo:

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A palavra “ramen”, proveniente de empréstimo do chinês e muito comum é escrita em Katakana como 「ラーメン」 em japonês e raramente é escrita em Kanji (拉麺).

VIII. Indicação de leitura on’yomi: o Katakana é usado para indicar a leitura on’yomi (derivada do chinês) de um Kanji em um dicionário de caracteres chineses. Por exemplo, o Kanji 「人」 tem uma pronúncia japonesa, escrita em Hiragana como 「ひと」, assim como uma pronúncia derivada do chinês que é escrita em Katakana como 「ジン」;

IX. Indicação de pronúncia: o Katakana é usado ​​às vezes no lugar do Hiragana como furigana (lição 4) para mostrar a pronúncia de uma palavra escrita em caracteres romanos, ou de uma palavra estrangeira, que é escrita em Kanji com base somente em seu significado, mas destinada a ser pronunciada como a original (Gikun);

X. Modos de fala: algumas vezes, o Katakana também é usado ​​para indicar palavras faladas com um sotaque estrangeiro ou de forma incomum, por personagens estrangeiros, robôs, etc. Por exemplo, em um mangá, a fala de um personagem estrangeiro ou um robô pode ser representada por 「コンニチワ」 (Olá) em vez do mais típico Hiragana 「こんにちは」;

XI. Nomes pessoais: alguns nomes japoneses pessoais são escritos em Katakana. Isto era mais comum no passado, portanto, as mulheres idosas muitas vezes têm nomes em Katakana;

XII. Atenuação de escrita: é muito comum se escrever em Katakana palavras difíceis de serem lidas em Kanji. Este fenômeno é visto frequentemente na terminologia médica. Por exemplo, na palavra 「ひふか」(皮膚科) (dermatologia), o segundo kanji, 「膚」, é considerado difícil de ler e, assim, este termo é comumente escrito 「皮フ科」 ou 「ヒフ科」, mesclando-se Kanji e Katakana. Da mesma forma, o Kanji difícil 「癌」 gan ("câncer") muitas vezes é escrito em Katakana ou Hiragana;

XIII. Notação musical: o Katakana é também utilizado para notações musicais tradicionais, como no Tozan-ryuu de shakuhachi, e em conjuntos sankyoku com koto, shamisen e shakuhachi.

2.7. A TRANSCRIÇÃO PARA O KATAKANA

A transcrição para o Katakana de uma palavra estrangeira é baseada em seu som original. Porém, uma vez que a maioria dessas palavras é ajustada ao conjunto de combinações de [consonante+vogal], ao serem transcritas, elas sofrem várias transformações radicais, resultando em casos em que, por exemplo, falantes de inglês não conseguem entender palavras que supostamente foram derivadas de seu idioma. Observe alguns exemplos:

THANK YOU = サンキュー (sankyuu)

MILK = ミルク (miruku)

TOILET = トイレ (toire)

Como resultado, o uso do Katakana é extremamente difícil para um nativo de outra língua, porque é natural que ele espera que as “versões” japonesas de palavras possuam sons parecidos com seu idioma. Portanto, esqueça completamente a palavra estrangeira original e passe a tratá-la como uma palavra japonesa totalmente separada, senão você pode cair no hábito de usar palavras estrangeiras com a pronúncia original (consequentemente uma pessoa japonesa poderá ou não entender o que você está dizendo).

2.8. ORDEM ALFABÉTICA JAPONESA

Em japonês, “ordem alfabética” é chamada de 「ごじゅうおんじゅん」(五十音順), que literalmente significa “ordem dos 50 sons”. Também, é conhecida como 「あいうえおじゅん」(あいうえお順), cujo significado é “ordem A-I-U-E-O” e, como mencionamos na lição anterior, a disposição moderna do Kana reflete aquela da escrita Siddham, e é também usada para fins de ordem alfabética, isto é, 「あ、い、う、え、お、か、き、く...」e assim por diante. Vejamos novamente a disposição do silabário japonês:

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Dicionários e listas telefônicas, por exemplo, são organizados em ordem alfabética. Agora, vamos detalhar as regras:

REGRA 1: Como já sabemos, no Katakana, o "ー" alonga o som vocálico do fonema anterior e isso deve ser considerado. Por exemplo, se tivéssemos que colocar「かど」 e 「カード」, em ordem alafabética, teríamos カード (かど em Hiragana) em primeiro lugar;

REGRA 2: Fonemas com pontos chamados 「だくおん」 (濁音) vêm depois de suas formas originais. Por exemplo, は, , ひ, , ふ, , へ, , ほ. ;

REGRA 3: Fonemas com o 「はんだくおん」 (半濁音) vêm depois de suas formas com o 「だくおん」 (濁音). Por exemplo, は, ば, , ひ, び, ぴ, ふ, ぶ, , へ, べ, , ほ, ぼ, ;

REGRA 4: Os sons contraídos – os pequenos 「ゃ」, 「ゅ」 e 「ょ」– vêm logo em seguida de suas formas normais. Por exemplo, や, , ゆ, , よ, .

REGRA 5: O 「そくおん」 (促音) indicado por っ (pequeno tsu) vem logo após a sua forma original つ (tsu). Ou seja, た, だ, ち, ぢ, つ, , づ, て, で, と, ど;

REGRA 6: Os fonemas desenvolvidos para representar sons estrangeiros (e que, em geral, são escritos apenas em Katakana), isto é, os pequenos ぁ, ぃ, ぅ, ぇe ぉ vêm depois de suas formas originais. O som 「う゛」 (consoante “v”) vem depois do pequeno ぅ: あ, , い, , う, , う゛, え, , お, .

Conhecidas as regras, a disposição dos fonemas é a seguinte:

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2.9. LIGADURA DE KANA

Observe a figura abaixo:

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Você foi capaz de ler esses “fonemas”? Provavelmente a resposta é negativa, não é mesmo?

Veja que colocamos a palavra fonema entre aspas, porque, na verdade, eles não são fonemas propriamente ditos, mas sim “ligaduras”. Na escrita, uma ligadura ocorre quando duas ou mais formas de letra são unidas em um único glifo, sendo que, geralmente, esses caracteres sequenciais compartilham componentes em comum. Observe algumas ligaduras comuns do alfabeto latino:

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Em japonês, a ligadura recebe o nome de「かなごうじ」 (仮名合字). Pode ser chamada também de 「ごうりゃくかな」 (合略仮名), cujo significado é “junção abreviada de Kana” ou 「つづきかな」 (続き仮名), que significa “sequência de Kana”.

Vejamos novamente as ligaduras japonesas apresentadas na primeira figura, agora com aquilo que representam (entre parênteses):

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Ligaduras foram amplamente utilizadas até a reforma ortográfica de 1900, quando se convencionou que cada som da língua passaria a ser representado por apenas um caractere (Kana). Embora atualmente sejam obsoletas na escrita formal, você ainda pode se deparar com essas ligaduras. O interessante é que atualmente entre os internautas existe a prática de usar ligaduras em palavras existentes. Por exemplo, a palavra 「きもい」costuma ser escrita com o caractere「托」 (ligadura de 「キモ」), ficando, portanto, com a forma「い」.

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 Fontes: 

Acesse as referências bibliográficas aqui.