INTRODUÇÃO À GRAMÁTICA AVANÇADA

Bem-vindo à “Gramática Avançada”. Primeiramente, gostaríamos de agradecê-lo por nos escolher como seu guia no caminho para domínio da língua japonesa. Recomendamos que você leia atentamente a presente introdução ao curso (não a deixe de lado como muitos fazem com prefácios de livros). Nela, tentamos expor de maneira clara qual será o nosso intuito. Boa sorte!

I. BEM VINDO AO PAÍS DO SOL NASCENTE! 

O Japão é um país insular da Ásia Oriental. O país é um arquipélago de 6.852 ilhas, cujas quatro maiores são Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku, representando em conjunto 97% da área terrestre nacional.

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As ilhas Ryukyu, que já fizeram parte de um reino independente que chegou ao fim em 1879,  constituem uma cadeia de ilhas que se estendem do sudoeste de Kyushu até Taiwan. Pertencem a essa cadeia as ilhas Osumi, Tokara, Amami, Okinawa, Sakishima (divididas em Miyako e Yaeyama), Senkaku e Daito.

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O Japão possui 47 prefeituras que, por sua vez, estão geograficamente divididas em oito regiões: Hokkaido (ilha), Tohoku, Kanto, Chubu, Kansai, Chugoku (na ilha de Honshu), Shikoku (ilha), e Kyushu (incluindo as ilhas de Kyushu e Okinawa).

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Administrativamente, as ilhas Ryukyu são divididas entre as prefeituras de Kagoshima (as do norte) e a prefeitura de Okinawa (as do sul), com as ilhas Daito sendo parte da prefeitura de Okinawa. As ilhas do norte (Kagoshima) são coletivamente chamadas de "Ilhas Satsunan", enquanto a parte sul da cadeia (Prefeitura de Okinawa) é chamada de Ilhas Ryukyu.

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Os caracteres chineses (日本) (lição 4) que compõem seu nome significam "Origem do Sol", razão pela qual o Japão é às vezes identificado como a "Terra do Sol Nascente". Essa designação para o Japão vem da China devido à posição geográfica relativa entre os dois países. Já o nome “Japão”, segundo indícios, origina-se da palavra “Japang”, proveniente do Malaio, língua “falada na península de Malaca, Cingapura e nas costas das ilhas indonésias, tornada língua comercial do Sudeste asiático” (Dicionário Houaiss). A palavra “Japang” por sua vez se trata de uma aproximação da pronúncia chinesa para esses caracteres (“rìběn”). Ouça a pronúncia neste link.

A maior parte das ilhas é montanhosa, com muitos vulcões como, por exemplo, os Alpes japoneses e o Monte Fuji. O Japão possui a décima maior população do mundo, com cerca de 128 milhões de habitantes. A Região Metropolitana de Tóquio, que inclui a capital de fato de Tóquio e várias prefeituras adjacentes, é a maior área metropolitana do mundo, com mais de 30 milhões de habitantes.

Para melhor compreender a História do Japão, é comum dividi-la por Períodos (ou Eras), e a mudança entre eles, em geral, é ditada pela ascensão de um novo imperador. Entretanto, já houve mudanças de Períodos ditadas por eventos históricos ou desastres. Desde 1867 na ascensão do imperador Mutsuhito foi adotado o sistema que muda a era apenas a cada mudança de reinado, sendo iniciada uma nova era em 1868 denominada era Meiji. A contagem das eras foi iniciada pelo imperador Kotoku (597-654), sendo que este primeiro Período chamava-se “Taika”. A tradição não foi mantida, mas foi retomada pelo imperador Mommu (683-707) e, desde então, tem sido contada até os dias atuais. Vejamos:

Até 8000 a.C. - Período "Pré-Cerâmico" ou "Período Paleolítico": é difícil determinar as origens da civilização japonesa. Há quem pense que a origem do povo japonês é chinesa. No entanto, graças a vestígios arqueológicos, é possível afirmar que já existiria vida no arquipélago há pelo menos 100 mil anos atrás, numa época em que o Japão estava "colado" ao continente asiático; 

8000 a.C. a 300 a.C. - Período Jomon: é nesta época que o território se torna um arquipélago, devido ao aumento da temperatura e à consequente elevação do nível do mar. Nesta altura, a população vivia em pequenas comunidades, dedicando-se à caça (uso do arco e flecha) e à colheita, à olaria e desenvolvendo técnicas agrícolas (primeiras tentativas de plantio) para a sobrevivência;

300 a.C. a 300 d.C. - Período Yayoi: foi um dos períodos onde ocorreram mais mudanças, graças ao contato com outros povos e culturas. Dos coreanos, os japoneses receberam algumas técnicas de plantio do arroz e o trabalho com o metal (bronze e ferro). Já dos chineses receberam outras artes e técnicas e um regime alimentar baseado em certo tipo de legumes (soja, azuki e trigo) e de carne de animais (cavalos e gado);

300 d.C. a 593 d.C. - Período Yamato ou Kofun: o Japão dividiu-se em várias áreas com características geográficas e culturas próprias. Novas artes e tecnologias (ferramentas agrícolas, armas,...) entram no arquipélago, a arte de cerâmica desenvolveu-se e até a escritura chinesa entrou no país para fins comerciais. Neste período houve uma invasão mongol, deu-se a unificação do Japão como nação e do budismo que foi introduzido no país (538 d.C);

593 d.C a 710 d.C- Período Asuka: foi um período conturbado, mas que trouxe muitas mudanças (Política, Filosofia, Arquitetura) que se deveram, principalmente, ao budismo e ao confucionismo. Em 604 d.C, Shotoku cria a primeira Constituição do país. Neste período houve diversos atentados à família imperial e muitas contendas entre famílias poderosas;

710 d.C a 794 d.C - Período Nara: este período inicia-se com a transferência da capital para Nara. O crescimento cultural e artístico foi enorme. A escrita chinesa (Kanji) foi adaptada para o japonês. A sociedade em sua maioria era agrícola e dividida em aldeias. Houve um crescimento do poder centralizado no país. O regime uji-kabane (grandes proprietários) entra em decadência e floresce o regime Ritsurio (administrativo);

794 d.C a 1192 d.C - Período Heian: com o Imperador Kammu, a capital muda para Heian (atual Quioto). No século X, graças ao comando do clã Fujiwara, o Japão avançou muito na área cultural. Apesar disso, as guerras pelo poder que opuseram alguns clãs nipónicos trouxeram instabilidade política e o aparecimento dos samurais;

1192 d.C – 1333 d.C- Período Kamakura: a capital imperial passa a ser em Kamamura. Nesta era, destaca-se Minamoto Yoritomo, o Xogum, que inicia uma época dominada pelos samurais cujo código de honra é a base do governo. É nesta altura que se cria o regime militar conhecido como Xogunato (ou bakufu). Com a família Hojo no poder, o país evolui novamente e as relações com a China melhoram. Em 1274, o Povo Mongol tenta conquistar o Japão, mas é derrotado pelos samurais;

1333 d.C a 1573 d.C - Período Muromachi: Ashikaga Takauji estabelece o Xogunato Muromachi, em Quioto. Apesar de violento, este período foi marcado por grande evolução econômica e cultural (arquitetura, pintura, poesia, canções, a cerimônia do chá (Chanoyu), o Ikebana (arte de arranjar flores) e o teatro (Nô e Kyogen). O primeiro contato com o Ocidente dá-se com a chegada dos portugueses ao Japão que trazem as primeiras armas de fogo e o Cristianismo (graças ao jesuíta Francisco Xavier). O poder econômico passa para as mãos dos daymios (senhores feudais da época) e ocorrem grandes batalhas pela posse de territórios;

1573 d.C a 1603 d.C - Período Azuchi-Momoyama: graças ao armamento fornecido pelos portugueses, o general Oda Nobunaga conquista o poder, mas morre assassinado, antes de unificar o Japão num único governo – ação que só o seu general, Toyotomi Hideyoshi, conseguiu levar a cabo. O Japão conhece então uma grande evolução econômica e social e até faz duas tentativas (falhadas) para conquistar a Coreia;

1603 d.C a 1868 d.C - Período Edo: pela batalha de Sekigahara (1600), Tokugawa Ieyasu conquista o poder e o controle total do país, estabelecendo-se na cidade de Edo (Tóquio). Emergem quatro classes sociais distintas (samurais, camponeses, artesãos e comerciantes) e os feudos são distribuídos a pessoas de confiança do Xogum. Em 1633, o Cristianismo é proibido e perseguido. O país fecha-se, apenas comunicando-se com o exterior através do porto comercial de Nagasaki. Apesar disso, o Japão conhece um florescimento comercial. Em finais do século XVIII, o Xogunato enfrenta contestações políticas internas. Devido à Revolução Industrial do Ocidente, o Japão muda a sua política e reabre as portas a outras culturas;

1868 d.C a 1912 d.C - Período Meiji: com o Imperador Meiji deram-se grandes mudanças que trouxeram liberdade religiosa, igualdade social, a abolição do feudalismo e um grande nacionalismo. Em 1880, devido ao investimento na industrialização do país, o Japão entra numa crise que só será extinta com a criação do Banco do Japão. Foi nesta época que foi criada a primeira Constituição. O Japão venceu duas guerras territoriais contra a China (1895) e contra a Rússia (1905). Em 1910, o Japão ocupa o território coreano;

1912 d.C a 1926 d.C - Período Taisho: neste período, o governo democrático ganhou grande força, o que permitiu que as mulheres fossem socialmente mais participativas. Estando à mercê de tratados anteriormente firmados, o Japão entrou na Primeira Guerra Mundial, ao lado dos aliados. O fim da Guerra e o terremoto de 1923 agravaram a situação econômica do país;          

1926 d.C a 1988 d.C - Período Showa: a crise econômica mundial de 1929 impeliu os militares de tomar grande parte do poder e a conquistar novos territórios, o que implicou a sua retirada da Liga das Nações (1933). Na Segunda Guerra Mundial, o Japão alia-se à Alemanha e à Itália e ataca a base americana Pearl Harbor no Havai (1941). Esta ação levou os EUA a lançar bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, pondo fim à guerra. Cerca de 2 milhões de japoneses morreram, parte do país ficou destruído e a economia ficou em ruínas. O Japão foi ocupado pelas forças vitoriosas e foi criada uma nova Constituição (1947). O imperador Hirohito perdeu o poder e surgiu uma nova forma de governo – a monarquia constitucional, controlada por um parlamento. As relações exteriores são reatadas em 1951. O Japão tornou-se rapidamente uma das principais potências econômicas do mundo. Em 1973, a crise de petróleo leva o Japão a investir nas indústrias de alta tecnologia;

1989 d.C a 2019 d.C - Período Heisei: Akihito sucedeu ao seu pai, iniciando uma nova era marcada pela prosperidade e tranquilidade. Apesar da catástrofe provocada pelo tsunami de 2011, o país soube ultrapassar a tragédia com estoicismo e dedicação, continuando a apresentar uma das mais altas taxas de crescimento do mundo;

2019 d.C a dias atuais – Período Reiwa: é a atual era no Japão. Começou no 1º de Maio de 2019, com a entronização do imperador Naruhito. Em 30 de abril de 2019, ocorreu a abdicação do Trono do Crisântemo, marcando o fim da Era Heisei. O ano de 2019 corresponde ao ano Heisei 31 até 30 de abril, e o ano Reiwa 1, a partir de 1 de maio de 2019. A palavra "Reiwa" pode ser interpretada como "bela harmonia”.

II. O NIHONGO, A LÍNGUA FALADA NO JAPÃO

A língua japonesa (nihongo) é falada atualmente por cerca de 125 milhões de pessoas. É oficial no Japão e é regional em Palau, uma república do Pacífico a leste das Filipinas e administrada pelo Japão até a Segunda Guerra Mundial. Até pouco tempo atrás, os linguistas classificavam o japonês como língua isolada, mas atualmente esta faz parte da família japônica, da qual é a principal língua.

As línguas japônicas são uma família de línguas, supostamente proveniente de um idioma comum chamado proto-japônico. Não há uma prova definitiva universalmente aceita da relação entre as línguas japônicas e outras línguas, mas há várias teorias apoiadas em uma série de evidências. A teoria mais aceita relaciona as línguas japônicas com a antiga língua de Goguryeo. Outros vão mais além e incluem uma família que inclui também os idiomas Fuyu e Baekje. Outra teoria, também bastante aceita (embora durante muito tempo rechaçada por questões políticas) é a correlação com o coreano, uma vez que a gramática é praticamente igual, embora o léxico seja bastante diferente. Há uma teoria, aceita, mas ainda controversa, de que as línguas japônicas integram as línguas altaicas. Por último, há uma teoria relacionando as línguas japônicas às línguas do centro e sul do Pacífico, ou seja, às línguas malaio-polinésias. Esta hipótese é considerada improvável pela maioria dos linguistas.

Estudos lexico-estatísticos revelaram que o idioma moderno com o léxico mais parecido com as línguas japônicas é o uigur, idioma aparentado ao turco.

Em vista da ausência de provas incontestáveis, alguns vêem nessas semelhanças um simples "sprachbund" (do alemão Sprachbund, "união de idiomas") e que essas semelhanças são apenas resultados da convivência entre esses povos da Ásia Central ao longo de milênios.

Existem apenas sete línguas japônicas faladas atualmente, e estão divididas em dois grupos: o japonês, que inclui o japonês oriental e o japonês ocidental (este, a língua japonesa propriamente dita, falada em Tóquio), e o ryukyu, ao qual pertencem o oquinauano (segunda língua japônica mais falada, depois do japonês), o miyako, o amami, o yaeyama e o yonaguni.

Um grande número de dialetos locais ainda é utilizado. Enquanto o japonês padrão, baseado na fala dos habitantes de Tóquio, foi se expandindo gradativamente pelo país devido a influência das mídias como o rádio, a televisão e o cinema, os dialetos falados em Quioto e Osaka, em particular, continuam se desenvolvendo e mantêm o seu prestígio. O povo Ainu, baseado na ilha norte de Hokkaido, possui sua própria linguagem, que constitui um grupo a parte, sem relação com o japonês.

É comum dividir a língua japonesa quanto a sua evolução em cinco períodos:

- Japonês Antigo (até o século 8): é a etapa mais antiga atestada do idioma japonês. Através da propagação do budismo, o sistema de escrita chinesa (Kanji) foi importado para o Japão. O fim do japonês antigo coincide com o fim do período de Nara em 794;

- Japonês Antigo Tardio ou Japonês Médio Precoce (século 9 a 11): é o japonês do Período Heian (794-1185). Durante esse período dois novos silabários foram inventados: Hiragana e Katakana, que eram muito mais simples que os Kanjis e descreviam os sons existentes na língua japonesa. Livros famosos foram escritos durante este período, como “O Conto de Genji”, “O Conto do Cortador de Bambu”, “Os Contos de Ise” e muitos outros. Vê-se também uma quantidade significativa de influência chinesa sobre a fonologia da língua. O termo"Japonês Médio Precoce " é preferível, haja vista que aqui estamos situados mais perto  do Japonês Médio Tardio (depois de 1185) do que do Japonês Antigo (antes 794);

- Japonês Médio Tardio (século 12 a 16): é normalmente dividido em duas fases, mais ou menos equivalentes ao Período Kamakura e ao Período Muromachi, respectivamente. As formas posteriores são as primeiras a serem descritas por fontes não-nativas, neste caso, os jesuíta e missionários franciscanos (por exemplo, na obra “A Arte da Lingoa de Iapam”) . Algumas formas vez mais familiares aos falantes japoneses modernos começam a aparecer;

- Japonês Moderno Precoce (século 17 a 19): é um período de transição em que a língua deixa para trás muitas das suas características medievais e se aproxima de sua forma moderna. O período durou cerca de 250 anos, estendendo-se do século 17 até a metade do século 19. No início do século 17, o centro do governo saiu de Kamigata e foi transferida para Edo sob o controle do shogunato Tokugawa. Até o período Edo, o dialeto Kamigata, o ancestral do dialeto Kansai moderno, foi o dialeto mais influente. No entanto, mais tarde, o dialeto Edo – o ancestral do dialeto de Tóquio moderno – tornou-se o dialeto mais influente. Importante frisar que, como Tokugawa visava a reconstrução do país, após mais de cem anos em guerra, toma medidas duras entre 1633-1639, expulsando os estrangeiros, no caso portugueses e espanhóis. O cristianismo é proscrito e os cristãos perseguidos pelo governo. Por fim, o governo resolve fechar os portos a todos os navios estrangeiros, exceto dos chineses e dos holandeses. Os holandeses só podiam ficar na ilha de Dejima em Nagasaki. Essa postura trouxe muita estabilidade e ficou conhecida mais tarde como “Sankoku” (país acorrentado);

- Japonês moderno (século 19 até o presente): pode-se dizer que o Sankoku permaneceu em vigor até 1853, com a chegada dos navios negros do comodoro Matthew Perry e a abertura forçada do Japão ao comércio ocidental. Contudo, ainda era ilegal deixar o Japão, mas com a Restauração Meiji (1868) essa restrição acabou. Na época, o almirante Perry tinha a intenção de compartilhar tecnologia e estimular a concorrência econômica saudável com os países asiáticos. Sua influência teria um impacto muito mais significativo, pois elementos do inglês e outras línguas ocidentais, como palavras e características linguísticas, começaram a ser introduzidos na língua japonesa.

Bem, feita essa abordagem histórica, durante o nosso curso, faremos várias referências ao “Japonês Clássico”, isto é, a forma literária da língua japonesa que era o padrão até os primórdios do Período Showa (1926-1989).

O Japonês Clássico é baseado na língua como era falada durante o Período Heian (794-1185), mas apresenta algumas influências posteriores. Seu uso começou a declinar durante o fim do Período Meiji (1868-1912), quando os romancistas começaram a escrever suas obras seguindo o padrão da língua falada. Eventualmente, este estilo entrou começou a se generalizar, inclusive nos principais jornais, mas muitos documentos oficiais ainda eram escritos no estilo antigo. Após a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos documentos mudou para o estilo falado, embora o estilo clássico continua a ser usado em gêneros tradicionais, como Haiku (ou Haicai). Leis antigas também são escritas no estilo clássico, a menos que totalmente revistas.

III. O ERRO DOS MÉTODOS CONVENCIONAIS

O erro dos métodos convencionais é que geralmente seus autores têm os seguintes objetivos:

1. Que os leitores sejam capazes de usar um japonês funcional e polido o mais rápido possível;

2. Não desencorajar os leitores no estudo do idioma nipônico. Para tanto, muitas vezes evitam usar os “assustadores” fonemas japoneses (Kana) e os ideogramas chineses (Kanji);

3. Ensinar aos leitores como dizer frases buscando uma “relação de equivalência” entre o português e o japonês.

Tradicionalmente, se tratarmos de línguas românicas como o espanhol, por exemplo, tais objetivos não apresentam problemas ou são inexistentes devido a sua similaridade com a língua portuguesa. No entanto, como o japonês é diferente em quase todos os sentidos – até mesmo nas formas fundamentais do pensar – esses objetivos acabam por criar muitos dos livros confusos que vemos atualmente. Eles geralmente são preenchidos com regras complicadas e incontável número de gramática para frases específicas em português. Também não contêm quase nenhum Kanji; e então quando finalmente se chega ao Japão, eis que se descobre que não é possível ler os menus, mapas ou praticamente nada, porque o autor do livro estudado pensou que o leitor não fosse inteligente o suficiente para memorizar os ideogramas chineses.

Como exposto, a raiz deste problema está no fato de que estes livros tentam ensinar japonês com o português; ensina-se logo na primeira página como dizer: "Oi, meu nome é Paulo", mas não se expõe todas as decisões arbitrárias que foram feitas por detrás de tudo isso. Muitas vezes, os autores utilizam-se da forma polida mesmo que aprender a forma polida antes da forma do dicionário não faça sentido. Eles também costumam abordar assuntos que muitas vezes não são necessários para o aprendizado como um todo. Na verdade, a maneira mais comum de dizer algo como "Meu nome é Paulo" em japonês é dizer tão somente "Paulo". Isto porque a maior parte da informação é entendida a partir do contexto e é, portanto, excluída. Mas será que os autores explicam a maneira como as coisas funcionam na língua japonesa, essencialmente? Não, pois estão muito ocupados tentando encher o leitor de frases "úteis". O resultado disto é desastroso: o leitor cairá no “use isto se você quiser dizer aquilo”, fazendo-o ficar com uma sensação de que nada aprendeu quando necessitar ir além destes padrões. Tudo isso porque não aprendeu como as coisas realmente funcionam.

A solução para este problema é explicar a língua japonesa a partir de um ponto de vista japonês; abordar a gramática e explicar como funciona a dinâmica do idioma sem tentar buscar forçosamente uma tradução equivalente, isto é, que seja “exatamente igual” àquilo que se diz em português. E, para que o estudo seja proveitoso, também é importante explicar as coisas em uma ordem que faz sentido em japonês. Se você precisa saber [A] para entender [B], não abordaremos [B] primeiro só porque você talvez precise aprender uma determinada frase.

IV. UM MÉTODO PARA SE APRENDER A GRAMÁTICA DO IDIOMA NIPÔNICO

Este método é uma tentativa de se construir sistematicamente estruturas gramaticais que irão aos poucos tecendo a língua japonesa de um modo que faça sentido em japonês. Pode não ser um instrumento prático para um aprendizado imediato, como na maioria dos métodos convencionais que visam expressões úteis em japonês, como por exemplo, frases comuns para as viagens. No entanto, este método tentará, de uma maneira lógica, criar blocos de construções gramaticais que resultará em uma sólida base de gramática. Para aqueles que aprenderam o idioma japonês seguindo livros didáticos convencionais, poderá notar-se algumas grandes diferenças na forma como o material é ordenado e apresentado. Isto porque este método não procura criar forçosamente vínculos artificiais entre o português e o japonês através da apresentação de um material que faça sentido em português. Pelo contrário, exemplos com traduções demonstrarão como as ideias são expressas em japonês resultando em simples explicações que são mais fáceis de entender.

No início, as traduções para o português dos exemplos apresentados será o mais próximo possível do sentido destes em japonês. Por esta razão, o você poderá se deparar com traduções “gramaticalmente incorretas” em português. Nós esperamos que a explicação dos exemplos desperte em você um apurado senso de “o que as sentenças significam realmente do ponto de vista japonês”. Gradativamente, uma vez que você se tornar familiarizado e, e com isso, começar a pensar confortavelmente em japonês, as traduções serão menos próximas do sentido em japonês para que a leitura seja mais agradável e centrada nos tópicos mais avançados.

Esteja ciente de que existem vantagens e desvantagens para a construção sistemática de uma sólida base gramatical a partir do zero. Em japonês, os conceitos gramaticais fundamentais são os mais difíceis de assimilar e as palavras mais comuns possuem muitas exceções. Isto significa que a parte mais difícil do idioma é o que deve ser aprendido primeiro. Os livros didáticos não costumam ter esta abordagem, temendo talvez que isto assustará ou frustrará os interessados ​​em aprender a língua. Em vez disso, tentam atrasar o aprofundamento nas regras de conjugação mais difíceis usando remendos para que possam começar a ensinar expressões úteis imediatamente. Este é o tipo de abordagem que agrada a alguns, no entanto, pode criar confusão e problemas ao longo do caminho; seria como construir uma casa sobre a areia. Os conceitos mais difíceis devem ser abordados, não importa quais sejam. Se você conseguir assimilar os tópicos gramaticais mais difíceis logo no início, então, os menos complicados que serão abordados adiante serão muito mais fáceis porque eles se encaixam perfeitamente sobre a base que o você construiu. O idioma japonês é sintaticamente muito mais consistente do que o português. Se você aprender as regras de conjugação mais difíceis, grande parte da gramatica restante baseia-se em regras semelhantes ou idênticas. A única parte difícil a partir daí será ordenar e lembrar todas as várias expressões e combinações possíveis, a fim de usá-las em situações corretas.                                               

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 Fontes: 

Acesse as referências bibliográficas aqui.