LIÇÃO 14: FORMAS VERBAIS BÁSICAS E O ESTADO-DE-SER

Você aprendeu como os verbos são classificados atualmente e as suas bases de conjugação. Depois conheceu as primeiras partículas. Contudo, os exemplos usados estavam na forma não-passada somente. Agora, vamos estender este conhecimento, estudando as formas verbais básicas, isto é, as formas TE, passada e negativa. No final, vamos abordar o estado-de-ser.

14.1. O VERBO IRREGULAR CLÁSSICO  「あり」

No Japonês Clássico, havia nove categorias de verbos, e uma delas era a classe dos verbos Rahen. Dentre eles, havia o verbo  「あり」. Vejamos suas bases:

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Nota-se que o verbo moderno 「ある」 originou-se da base Rentaikei de  「あり」. Com este verbo expressa-se a existência de algo.

O motivo de dedicarmos um breve tópico ao verbo 「あり」 é por que ele é um verbo suplementar muito importante e que tende a fundir-se com outros itens léxicos para dar origem a construções importantes. Talvez o fenômeno mais interessante da língua japonesa, sejam os métodos empregados para converter o verbo 「あり」 em uma cópula (tópico 5 desta lição). Historicamente, há bons motivos para supor que o idioma em suas formas mais primitivas não era desprovido de uma cópula. As partículas 「に」 e 「の」 (lição 19) são quase certamente vestígios de uma cópula, mas lá pelo início do período Nara caíram em desuso, o que tornou necessário o uso de outros métodos.

O verbo 「あり」, então, já podia ser combinado com outros verbos, como vemos possivelmente em 「をる」(woru). Não há evidências fortes quanto a isso, mas possivelmente ele tenha se originado da Base Ren’youkei do verbo 「ゐる」(wiru), que significa “existir (no espaço)”, “habitar”, anexada a 「あり」, isto é, 「ゐ」+ 「あり」(com alteração sonora) = 「をる」.

Posteriormente, 「をる」 e 「ゐる」 passaram por mudanças e se tornaram 「おる」 e 「いる」 respectivamente, suas formas atuais.

14.2. A PARTÍCULA  「て」

A partícula 「て」 é muito importante e é uma das terminações mais usadas na língua japonesa. É tão importante que é chamada de forma TE. Historicamente falando, a partícula 「て」 era colocada após a base Ren’youkei de partes flexionáveis do discurso. Esse tipo de construção já não é uniforme ao longo das regiões do Japão, mas no padrão japonês há algumas construções gramaticais importantes que devem ser abordadas. É evidente que você precisa saber a base Ren’youkei das diferentes classes de palavras flexionáveis da língua japonesa. Por enquanto, vamos nos atentar somente à forma TE dos verbos:

FORMA TE (REGRA BÁSICA)

[BASE REN’YOUKEI] + [PARTÍCULA TE]

A seguir, vejamos a regra sendo aplicada:

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Chamamos a regra apresentada de básica, porque ao longo do tempo na língua coloquial do japonês padrão, mudanças eufônicas foram padronizadas para os verbos Godan na forma TE e derivados, exceto para os terminados em 「す」. Podemos dividir essas alterações em quatro grupos considerando-se a terminação da base Ren’youkei + TE. Obeserve:

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Vamos identificar as mudanças eufônicas ocorridas:

1. No primeiro grupo ocorreu o Soku-onbin;

2. No segundo grupo temos a mudança eufônica para i;

3. No terceiro grupo temos a mudança eufônica para i e uma alteração derivada comum: como se retirou uma consoante vozeada, vozea-se a seguinte;

4. No quarto grupo temos o hatsu-onbin e outra alteração derivada comum: como se acrescentou a consoante nasal, vozea-se a seguinte.

NOTA: como mencionamos na lição 4, as alterações sonoras são comuns em determinados grupos de fonemas, mas não são regra e, quando ocorrem, possuem variações.

A exceção à regra de contração apresentada fica por conta do verbo 「行く」, que em vez de ser contraído  「行いて」, torna-se simplesmente 「行って」. Isso faz a pronúncia mais fácil. Também,  「行(い)く」 pode ser 「行(ゆ)く」 e ambos são usados há muito tempo. A forma 「行(ゆ)いて」 costumava ser usada, mas  「行(い)って」 tem a preferência atualmente. Finalmente,  「行(ゆ)く」 pode dar uma sensação mais literária e é a leitura de escolha em poesias.

Perceba que nós usamos o termo “forma TE padrão”. Isso por que de acordo com a região do Japão, as alterações sonoras podem variar. Por exemplo, no dialeto Kansai (parte oeste do Japão),  「読みて」, é contraído 「読で」.

Em termos etimológicos, a partícula「て」deriva da base Ren’youkei do verbo clássico「つ」, que era usado para expressar o modo perfectivo. Vejamos quais eram as bases de 「つ」, que era conjugado no padrão Shimo-Nidan:

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Agora, vejamos a definição de “perfectivo” segundo o dicionário Houaiss:

PERFECTIVO: diz-se de ou aspecto verbal que indica uma ação realizada e concluída; acabado [No português são perfectivas as formas do indicativo fiz, tinha feito, terei feito, por oposição às formas fazia, estava fazendo, estarei fazendo etc., que são imperfectivas.].

Em outras palavras, quando  「つ」 era anexado à base Ren’youkei de um verbo, ele expressava algo como “determinada ação foi (será) feita e está (será) concluída”.

No japonês moderno,  「て」 passou a servir também como partícula conjuntiva, isto é, para conectar orações. Observe o quadro abaixo:

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Este é o uso básico da partícula 「て」. Nestes casos, o tempo verbal de construção é determinado pelo último verbo. Note que devido à sua origem, alguns preferirão traduzir estas orações como “Comer o peixe (concluir esta ação) e (depois) beber o suco”, e “Ir ao Japão (concluir esta ação) e (depois) estudar japonês”, o que faz sentido. Contudo, não fixe este sentido clássico de  「て」 como sendo único, pois parece que esta partícula pode transmitir outros sentidos.

Esta prática de usar a partícula  「て」 para conectar orações, no entanto, é utilizada apenas na linguagem cotidiana. Discursos formais, narração e publicações escritas empregam a base Ren’youkei em vez da forma TE para descrever ações sequenciais. Particularmente, artigos de jornal (ou mesmo cantores), por questões de brevidade, preferem a base Ren’youkei à forma TE:

魚を食べジュースを飲む。= Comer o peixe e beber o suco.

NOTA: como a partícula 「て」 é muito versátil, pode transmitir significados diversos de acordo com o contexto (pelo menos na tradução para o português).

Algo muito comum no japonês falado é terminar uma oração com o verbo na forma TE. Veja o exemplo abaixo:

ごめん、魚を食べて。= Desculpe por comer o peixe.

Na verdade, os elementos da oração estão invertidos. Na fala muitas vezes as pessoas tendem a dizer aquilo que mais importante primeiro, (me desculpe) e depois o resto (por comer o peixe), independentemente das regras gramaticais. A versão correta da oração acima é  「魚を食べてごめん」.

Também, dependendo do contexto, a forma TE no final de uma oração pode indicar uma oração incompleta, muitas vezes transmitindo um ar reticente por parte do falante, isto é, uma hesitação em dizer expressamente o seu pensamento, em dar um parecer etc. Tal recurso é muito comum em canções:

魚を食べて。= Comer o peixe (e...) (oração incompleta e reticente).

14.3. O VERBO AUXILIAR  「た」

O desenvolvimento histórico do sistema japonês moderno de tempo e aspecto não pode ser traçado sem dificuldades, e as incertezas permanecem. A falta de textos coloquiais genuínos ou mesmo de descrições ou referências a respeito da língua falada é um grande obstáculo para as pesquisas. A teoria mais provável é que o verbo auxiliar  「た」 surgiu no Período Insei (1089-1192) como uma forma contraída de  「たる」, que por sua vez originou-se da junção da partícula  「て」 + 「ある」, base Rentaikei de 「あり」. 

No início  「た」 provavelmente não expressava passado, mas sim um estado estático resultante. Isso faz sentido: como vimos, quando  「つ」 era anexado à base Ren’youkei de um verbo, ele expressava algo como “determinada ação foi (será) feita e está (será) concluída”. Se anexarmos o verbo  「ある」, que significa “existir”, poderíamos pensar em algo como “existe determinada ação que foi realizada e está concluída”, ou seja, de fato um estado resultante. Por exemplo:

食べてある= Existe a (ação de) comer (que foi realizada e está concluída) = estado estático resultante.

Por volta do século XIV, é que passou a ser o sufixo dominante para expressar o tempo passado, fato que fez com que outros sufixos como  「たり」 e  「けり」, que até então exerciam esta função tivessem seu uso extinto ou extremamente limitado. A esta altura o significado de  「た」 já não era totalmente igual ao de  「てある」 e certamente foi bem estabelecido como sufixo de tempo passado na época da “Amakusaban Feique Monogatari” (1592), impresso pela primeira vez pelos missionários portugueses em Kyushu, utilizando um sistema de romanização até então recente.

Como é derivado da partícula 「て」, o verbo auxiliar 「た」 segue o mesmo padrão, tanto na regra básica, quanto nas contrações sonoras para os verbos Godan:

VERBO AUXILIAR TA (REGRA BÁSICA)

[BASE REN’YOUKEI] + [VERBO AUXILIAR TA]

Vejamos os mesmos verbos Godan do tópico anterior com o verbo auxiliar  「た」 e as contrações sonoras:

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Observe alguns exemplos de verbos com o auxiliar  「た」, mostrando a mudança da forma não-passada para o passado:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べ= Comeu o peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲んだ= Bebeu o suco.

魚を食べジュースを飲んだ= Comeu o peixe e bebeu o suco.

日本に行く。= Ir ao Japão. → 日本に行った= Foi ao Japão.

日本語を勉強する。= estudar japonês → 日本語を勉強し= Estudou japonês.

日本に行っ日本語を勉強= Foi ao Japão e estudou japonês.

バスで来る。= Vir de ônibus. → バスで来()= Veio de ônibus.

Nos exemplos 3 e 6 vimos o verbo auxiliar 「た」 em ação juntamente com 「て」 como partícula conjuntiva. Como dissemos, nestes casos, o tempo verbal de toda oração e expresso pelo último verbo, que estão no passado.

O verbo auxiliar 「た」 também expressa o modo perfectivo, que, como vimos, refere-se à conclusão de uma ação em determinado ponto de referência – ou previamente a ele – que é especificado por outros seguimentos da sentença. Como ainda não aprendemos elementos suficientes para utilizarmos um exemplo em japonês, observe a seguinte oração em português:

Assim que meu pai retornar, abrirei a garrafa.

O conceito pode ser difícil de ser entendido em um primeiro momento, mas o sentido aqui expresso é que a ação descrita por “chegar” já deverá ter ocorrido antes da ação de abrir a garrafa, isto é, a ação de “chegar” estará concluída. Observe a ilustração:

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Veja que o verbo está no presente, mas em japonês esta noção é expressa pela adição do auxiliar  「た」 ao verbo da primeira oração.

Segundo alguns estudiosos, há cinco usos distintos que diferem substancialmente de sua função básica como um marcador de tempo passado, e que expressam primeiramente estado em vez de tempo. O verbo auxiliar  「た」 pode expressar:

1. A descoberta da existência de um estado ou situação:

あ~、台所にいた! = Ah, está na cozinha!

2. A recordação de um evento futuro:

あ~、明日日本に行った!= Ah, amanhã irei ao Japão!

3. Um pedido para que o ouvinte confirme um fato:

明日日本に行った? = Irá ao Japão amanhã?

4. Anúncio antecipado da realização futura de uma ação ou situação:

よし、買った! = Tudo bem, comprarei!

5. Um comando urgente:

退いた! 退いた! = Saiam! Saiam!

***

Aliás, diante dos variados sentidos que o verbo auxiliar 「た」 pode transmitir, convém mencionarmos que há situações em que a forma gramatical de um verbo NÃO expressa seu sentido original, sendo a “verdadeira” forma verbal definida pelo contexto.

Não, você não leu errado! Chamaremos esse fenômeno de “Forma Verbal de Contexto” para fins meramente didáticos.

Por exemplo, quando dizemos “Em 2002, o Brasil VENCE a Copa do Mundo”, embora se diga “VENCE”, não estamos nos referindo a um fato presente, mas sim a um fato passado. Então, aqui pelo contexto, “VENCE” tem o mesmo valor de “VENCEU”. Para este caso, em português temos o que se chama de “Presente Histórico”. É usado para enfatizar, pois é como se o narrador voltasse ao momento dos acontecimentos e narrasse como se estivesse presenciando as cenas.

Quem já não ouviu “Tomou Doril, a dor sumiu”? Aqui se quer dizer algo como “Se tomar Doril, a dor sumirá”. Em outras palavras: usa-se a forma passada com valor de futuro.

Outro exemplo de forma verbal de contexto são os Dez Mandamentos (cf. Ex 20,2-17; Dt 5,6-21). Por exemplo, “Não furtarás”, ao pé da letra, significaria que é proibido furtar no futuro, apenas no futuro, o que abre a possibilidade de entender que o ato é perfeitamente aceitável no presente. Mas, na verdade, “não furtarás”, que é futuro, tem nesse caso o valor de imperativo e, como tal, indica que é proibido furtar em qualquer tempo.

Então, ao analisar a forma de um verbo não se esqueça de considerar que ela pode indicar tanto seu significado propriamente dito como um significado de contexto, decorrente do uso prático da língua. Tal recurso é relativamente comum em canções, poesias, etc.

14.4. A FORMA NEGATIVA

No Japonês Clássico, o verbo auxiliar  「ず」 era anexado à base Mizenkei de verbos para expressar negação e continuou a ser usado para tal durante todo o Período Kamakura. Ele tinha três conjuntos de bases (vamos nos referir a eles pela base Ren’youkei):

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É provável que no Japonês Antigo,  「な」 tenha sido o primeiro auxiliar de negação a ser usado. Seja como for, acredita-se que  「ず」 desenvolveu-se a partir de mudanças eufônicas de 「にす」, combinação da base Ren’youkei  「に」 + 「す」, forma antiga do verbo 「する」. As mudanças eufônicas que 「にす」 sofreu foram 「んす」 → 「んず」 → 「ず」. Já o terceiro conjunto deriva de  「ず」 + o verbo 「あり」.

Não se preocupe em decorar estes conjuntos de bases. Apenas tenha em mente que, devido à “confusão” que houve entre as bases Rentaikei e Shuushikei iniciada no Período Kamakura, durante o Período Muromachi (1336-1573), 「ず」 foi sendo gradualmente substituído por 「ぬ」 , base Rentaikei de  「ず」 . Então,  「ぬ」 , evoluiu para 「ん」 na parte Oeste do Japão, e na parte Leste transformou-se em 「ない」 , proveniente de 「なし」 (無し), que era flexionado no padrão de conjugação dos Keiyoushi.

Nós ainda vamos aprender sobre os Keiyoushi na lição 18, mas como eles possuem dois conjuntos de base – a base  「く」 , e a base  「かり」 , proveniente de  「~く」 + 「あり」 –, consequentemente  「なし」 era conjugado dessa forma. Perceba que, embora as bases sejam as mesmas, elas são conjugadas de modo um pouco diferente dos verbos:

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Ocorreu então uma mudança eufônica para i na terminação da base Rentaikei do conjunto  「く」, fazendo com que 「なき」 se transformasse em  「ない」 , forma atual.

Vejamos a regra de construção da forma negativa não-passada dos verbos:

FORMA NEGATIVA NÃO-PASSADA (REGRA PARA OS VERBOS)

[BASE MIZENKEI] + [VERBO AUXILIAR NAI]

Observe o quadro com os exemplos:

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Vejamos alguns exemplos mostrando a transformação da forma infinitiva para a negativa:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べない= Não comer o peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲まない= não beber o suco

雑誌を読む。= Ler a revista. → 雑誌を読まない= Não ler a revista.

日本語を教える。= Ensinar japonês → 日本語を教えない= Não ensinar japonês.

バスで来る。= Vir por meio de ônibus. → バスで来()ないNão vir por meio de ônibus.

日本語を勉強する。= Estudar japonês → 日本語を勉強しない= Não estudar japonês.

Podemos usar também os verbos auxiliares clássicos  「ぬ」 e 「ん」 no lugar de  「ない」. Contudo, atente-se ao fato de que não podemos fazer uso deles em orações destinadas a modificar outras. Observe alguns exemplos:

魚を食べる。= Comer o peixe. → 魚を食べ。= Não comer peixe.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲ま。= Não beber suco

Com relação ao verbo  「する」, quando usarmos  「ぬ」 ou 「ん」 devemos usar a base Mizenkei clássica 「せ」 e não  「し」:

日本語を勉強する。= Estudar japonês → 日本語を勉強せぬ。= Não estudar japonês.

メールアドレスを登録する。= Registrar o endereço de e-mail. → メールアドレスを登録せん。= Não registrar o endereço de e-mail.

NOTA: no japonês moderno  「ず」, continua a ser usado, porém tem outro sentido. Veremos com mais detalhes ainda neste tópico.

E se quiséssemos expressar a forma negativa no passado? Você deve estar supondo que basta colocarmos o verbo no passado e depois acrescentamos  「ない」 – algo como  「食べたない」. NÃO! Devemos colocar o auxiliar 「ない」 na forma passada e não o verbo. Vejamos a regra:

FORMA NEGATIVA PASSADA (REGRA PARA OS VERBOS)

[BASE MIZENKEI DO VERBO] + [BASE REN’YOUKEI DO CONJUNTO CONJUNTO かり DE NAI] + [VERBO AUXILIAR TA]

Observe o quadro de exemplos:

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Lembra-se das mudanças eufônicas ocorridas com a forma TE e derivados? Já que acrescentamos o verbo auxiliar  「た」 à base Ren’youkei do verbo 「ある」, pois  「なかりた」 nada mais é do que a contração de (なく +  あり + ), o fragmento sofre a mesma alteração sonora apresentada nos tópicos iniciais, isto é, fica 「なかた」.

Observe a transformação da forma negativa não-passada para a negativa passada nos exemplos a seguir:

魚を食べない。= Não comer o peixe. → 魚を食べなかった= Não comeu o peixe.

ジュースを飲まない。= não beber o suco. → ジュースを飲まなかった= Não bebeu o suco.

雑誌を読まない。= Não ler a revista. → 雑誌を読まなかった= Não leu a revista.

日本語を教えない。= Não ensinar japonês. → 日本語を教えなかった= Não ensinou japonês.

バスで来()ない。Não vir de ônibus. → バスで来()なかった= Não veio de ônibus.

日本語を勉強しない。= Não estudar japonês. → 日本語を勉強しなかった= Não estudou japonês.

É possível também construir a forma TE negativa, mas perceba que a regra de formação é um pouco diferente da que vimos para a forma passada negativa:

FORMA TE NEGATIVA (REGRA PARA OS VERBOS)

[BASE MIZENKEI DO VERBO] + [BASE REN’YOUKEI DO CONJUNTO CONJUNTO  DE NAI] + [PARTÍCULA TE]

Observe o quadro de exemplos:

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Novamente, vejamos algumas orações de exemplo, considerando o uso básico da partícula TE, isto, partícula conjuntiva:

魚を食べる。= Comer peixe. → 魚を食べなくて  魚を食べなくて映画を見た。= Não comeu o peixe e assistiu ao filme.

ジュースを飲む。= Beber o suco. → ジュースを飲まなくてケーキを食べた。= Não bebeu o suco e comeu o bolo.

日本に行く。= Ir ao Japão. → 日本に行かなくて= Não ir ao Japão (e...).

日本語を勉強する。= estudar japonês → 日本語を勉強しなくて= Não estudar japonês (e...).     

バスで来る。= Vir de ônibus. → バスで来()なくて= Não ir de ônibus (e...).

Existe a forma contraída da forma TE negativa que se trata de  「ないで」. Contudo, você não deve achar que ela funciona exatamente da mesma forma:

魚を食べなくて。≠ 魚を食べないで

Com a forma TE abreviada da negativa, se expressa explicitamente que a ação principal é executada sem alguma outra. Observe:

魚を食べないでジュースを飲んだ。= Bebeu o suco sem comer o peixe.

Para expressarmos a mesma coisa, podemos usar o verbo auxiliar clássico de negação  「ず」, sucedido ou não de  「に」:

魚を食べジュースを飲んだ。 → 魚を食べずにジュースを飲んだ。= Bebeu o suco sem comer o peixe.

Aliás, 「ないで」 e 「ずに」 podem ser acompanhados do verbo 「いる」, que vimos no tópico 1 desta lição. Neste caso, indica-se a falta de uma ação que é contínua:

魚を食べないでいる。→ 魚を食べずにいる。 = Permanecer sem comer peixe.

14.5. CÓPULAS: O ESTADO-DE-SER

Um dos aspectos mais complicados do idioma japonês é que não há um verbo para se expressar o “estado-de-ser” de algo como o verbo “ser” no português. Se usarmos, por exemplo, o verbo clássico 「あり」, o máximo que conseguiremos expressar é que “algo existe”, mas não que “algo é [X]”. Neste caso, precisamos de um tipo de construção gramatical, que chamaremos de cópula.

No Japonês Clássico, havia duas cópulas:  なり」, contração de  「に」 +  「あり」 e  たり」, combinação de  「と」 +  「あり」, contudo, vamos nos focar em  なり」. Primeiramente, vejamos suas bases:

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Então, se quisermos dizer, por exemplo, que “algo” é estudante  「学生」, basta acrescentar  「なり」. Observe:

学生 = Estudante → 学生なり。= (algo) é estudante.

A cópula  「なり」 aparecia frequentemente no Período Nara (710-794), mas nos tempos medievais começou a sofrer alterações. Surgiu então a variante 「にて」 - derivada de sua base Ren’youkei 「に」 + a partícula  「て」 – que costumava aparecer em conjunto com verbos, tais como 「あり」 e  「ござる」.

なり。→ 山にてあり。= É montanha.

No Período Kamakura (1185-1333),  「にて」 transformou-se em  「で」 na língua falada, dando origem à  ある」 e  ござる」 (tenha sempre em mente a perda de diferenciação que houve entre as bases Shuushikei e Rentakei a partir deste período):

にてあり。→ 山である。= É montanha.

Especula-se que o  「で」 da cópula  「である」 seja a mesma partícula contextual  「で」. Embora incerta, esta teoria faz sentido, já que  「で」 pode marcar o meio como algo é feito e o verbo 「ある」 significa “existir”. Sendo assim em  「山である」 estamos dizendo literalmente “existe como montanha”, isto é, em outras palavras “é montanha”.

Deixando especulações de lado, no Período Muromachi (1336-1573),  「である」 tornou-se  「じゃ」 na parte Oeste do Japão e  「だ」 no Leste, base do japonês padrão:

にてあり。→ 山である。→ 山。= É montanha.

Finalmente, 「じゃ」 e  「だ」  se tornaram padrões no Período Edo (1603-1868), fazendo com que 「なり」 caísse em desuso.

NOTA 1: Tenha em mente que as cópulas não são como o verbo “to be” (ser / estar) em inglês. Portanto, indicam que “algo é [X]” e não que “algo ESTÁ em [X]”, como muitos podem pensar;

NOTA 2:  A cópula「じゃ」é comum em obras fictícias, sendo usada por personagens que tenham um linguajar arcaico, como anciãos.

No japonês moderno, além de 「である」 e  「だ」, existe 「です」, contração de  「であります」. As três formas da "mesma coisa", porém, diferenciam-se no sentido e na utilização. Por hora, vamos nos focar em 「だ」, que deve ser usado somente após um substantivo ou um Keiyoudoushi (lição 18):

魚 = peixe →  。 = É peixe

人 = pessoa → 人。= É pessoa.

学生 = estudante →  学生。= É estudante

Parece muito fácil. Aqui está o verdadeiro problema: um estado-de-ser pode ser subentendido, sem o uso do  「だ」!

Tal como se apresenta, o exemplo 1 é simplesmente a palavra “peixe” e não significa nada, além disso. Porém, veremos na próxima lição que com a partícula de tópico, podemos pressupor que algo é um peixe pelo contexto, sem declarar nada. Por esta razão, a pergunta que deve estar passando na sua cabeça é, “Se você pode dizer que algo é [X] sem usar  「だ」, então, qual o motivo de isto existir?”.

Bem, a principal diferença é que uma declaração afirmativa faz com que a sentença soe mais enfática e convincente de modo a torná-la... bem declarativa. Portanto, é mais comum você ouvir homens usando  「だ」 no fim das sentenças. Este é também o motivo de via de regra você não poder usar  「だ」 ao fazer uma pergunta, porque parecerá que está fazendo uma afirmação e uma pergunta ao mesmo tempo.

O 「だ」 declarativo também é necessário em várias estruturas gramaticais nas quais um estado-de-ser precisa ser declarado explicitamente. Há também o caso em que não se deve anexá-lo. Enfim, tudo isso é realmente muito incômodo, mas você não deve se preocupar ainda.

Vamos apresentar as seis bases de  「である」,  「だ」 e  「です」 para que você possa entender a lógica de formação dos tempos verbais da cópula  「だ」. Observe a tabela abaixo:

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Podemos conjugar o estado-de-ser tanto para a forma negativa quanto para o tempo passado para dizer que algo não é [X] ou que algo era [X]. Isso pode ser meio difícil de entender à primeira vista, mas nenhuma destas conjugações do estado-de-ser afirmam algo como o  「だ」 faz. Aprenderemos, em outra lição, como criar estas declarações afirmativas colocando 「だ」 ao fim da frase.

I. Forma Negativa: é formada anexando-se o verbo auxiliar   「ない」 à base Mizenkei do verbo da cópula  「ある」. Assim, temos:

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Nós não colocamos “(??)” à toa. Isso porque a regra estaria correta se  「ある」 não fosse irregular quando colocado juntamente com o verbo auxiliar 「ない」. Sendo assim,  「あらない」 torna-se simplesmente  「ない」. Talvez o motivo dessa irregularidade esteja no fato de que  「ない」 já expressa por si mesmo uma existência nula e possivelmente os gramáticos pensaram que não haveria necessidade, pois seria uma redundância, ter uma forma negativa do verbo de existência, no caso   「ある」 . Tanto que com outros auxiliares deve-se usar normalmente a base Mizenkei de  「ある」.

Bem, seja qual for o motivo para a irregularidade, então, a forma negativa de  「である」 é  「でない」? A resposta é: sim e não!

A construção  「でない」 é gramaticalmente correta, e possível encontrar alguns japoneses que a usam. Porém, talvez por que a pronúncia soe muito brusca, a partícula   「は」 é colocada entre  「で」 e  「ない」, dando origem à  「ではない」. Pode-se, então, contrair o fragmento  「では」 para   「じゃ」, o que resulta em 「じゃない」, forma casual.

友達じゃない。 = Não é amigo (a).

じゃない。 = Não é peixe.

 学生じゃない。 = Não é estudante.

II. Tempo Passado: agora, vejamos expressar o tempo passado para dizer que algo era alguma coisa. Para tanto, tenha em mente que o passado da cópula  「だ」 deriva do passado de  「である」. Portanto, o tempo passado é feito adicionando-se o verbo auxiliar  「た」 à base Ren'youkei de  「である」. Assim, temos:

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 「でありた」 é então contraído para  「であった」 que por sua vez é contraído para   「だった」.

だった。 = Era peixe.

だった。= Era pessoa.

学生だった。= Era estudante

III.  Tempo Passado Negativo: aprenderemos agora a forma passada negativa do estado-de-ser para que possamos dizer que algo não era alguma coisa. Para tanto, lembre-se que 「ない」 é conjugado como um Keiyoushi e basta acrescentar o verbo auxiliar  「た」 a sua base Ren’youkei (do conjunto かり). Assim temos:

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Como vimos no tópico anterior,  「なかりた」 é contraído para  「なかった」, dando origem à  「なかった」.

友達じゃない = Não é amigo (a). → 友達じゃなかった = Não era amigo.

魚じゃない = Não é peixe. → 魚じゃなかった = Não era peixe.

学生じゃない = Não é estudante. → 学生じゃなかった = Não era estudante.

Por fim, também é possível unir estados-de-ser basicamente através do uso da base Ren’youkei  「で」 da cópula   「だ」. Observe:

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NOTA: os livros didáticos convencionais geralmente chamam a construção acima de “forma TE para substantivos e Keiyoudoushi (lição 18)”, pois, como vimos, este  「で」 pode exercer a mesma função sintática que a partícula  「て」 exerce quando usada com verbos e Keiyoushi. Sendo assim, também a chamaremos de forma TE.

14.6. RESUMO DA LIÇÃO

Nós aprendemos muito nesta lição. Agora, sabemos como expressar ações ou estados nas quatro formas básicas, isto é, não-passado afirmativo (infinitivo do verbo), passado afirmativo (verbo com auxiliar TA), não-passado negativo, e passado negativo. Além disso, vimos a forma TE e sua forma negativa. 

Supondo que você já tenha assimilado tudo o que foi explicado nesta lição, seguem dois quadros-resumo das formas que vimos:

I. FORMAS VERBAIS BÁSICAS:

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II. O ESTADO-DE-SER: A CÓPULA  「だ」:

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Fontes:

Jgram.org: http://www.jgram.org

Renshuu.org: http://www.renshuu.org/index.php?page=grammar/main#

Guide to Japanese (Tae Kim): http://www.guidetojapanese.org/learn/grammar

Imabi: https://imabi.net/

Kei Sensei: https://sites.google.com/a/keisensei.com/kei-sensei/

Classical Japanese: A Grammar, Haruo Shirane

Axel Svahn, The perfective imperative in Japanese - A further analysis