LIÇÃO 17: VERBOS TRANSITIVOS E INTRANSITIVOS

Já temos conhecimento suficiente para tratar sobre um dos assuntos mais confusos da língua japonesa: a transitividade dos verbos.

17.1. OS VERBOS TRANSITIVOS E INTRANSITIVOS NO PORTUGUÊS

Você já deve saber o que são verbos transitivos e intransitivos, mas vamos relembrar um pouco o assunto: verbos transitivos são verbos que precisam de um complemento para que a frase tenha um sentido completo, enquanto os verbos intransitivos carregam um sentido completo, dispensando complementos. Por exemplo, na construção: "Você fuma?", o verbo é intransitivo, ou seja, seu sentido está completo – deseja-se saber apenas se a pessoa em questão é ou não fumante. Não importa saber se fuma, por exemplo, cachimbo ou charuto. Caso isso fosse relevante, as perguntas seriam: "Você fuma cachimbo?" ou "Você fuma charuto?" – e o verbo seria transitivo direto. Aquilo que se fuma é o objeto direto, ou seja, o alvo do processo verbal.

Agora, observe as orações a seguir:

(1) O aluno quebrou o vaso.

(2) O vaso quebrou.

Note que ambas as ações são expressas pelo mesmo verbo, neste caso o verbo “quebrar”. Na primeira oração, ele é transitivo direto e na segunda, intransitivo. O que permite classificar um verbo como transitivo ou intransitivo é o contexto da frase. No caso, a forma como a frase foi construída, pois o verbo não sofre alteração em sua ortografia, ou seja, ele é escrito da mesma forma tanto em frases nas quais ele é transitivo como nas que ele é intransitivo – mas lembre-se de que alguns verbos da língua portuguesa são, por natureza, transitivos (pegar, remover...) e outros, intransitivos (morrer...).

17.2. A DEFINIÇÃO EM JAPONÊS

Na língua japonesa, os verbos transitivos são chamados de 「たどうし」 (他動詞), e os verbos intransitivos de 「じどうし」 (自動詞). Embora haja também verbos que são transitivos por natureza, como 「殺す」 (matar), e outros que são intransitivos, como 「死ぬ」 (morrer), há alguns verbos que possuem duas formas diferentes. A diferença entre as duas formas do mesmo verbo está no fato de que uma expressa que a ação é imposta por um agente ativo sobre algo ou alguém, necessitando, portanto, de um objeto direto, enquanto a outra forma, exprime uma ação que ocorre sem agente direto, ou seja, espontaneamente.

Sendo assim, como as frases-exemplos do primeiro tópico ficariam em japonês? Observe:

(1) 生徒が花瓶を壊した= O aluno quebrou o vaso. (lit. É o aluno aquele que quebrou o vaso)

(2) 花瓶が壊れた= O vaso quebrou.

Na oração (1), “o aluno” é quem agiu provocando a ação de quebrar sobre “algo” (o vaso). Portanto, o verbo usado é transitivo, pois é necessário especificar este “algo” que sofreu diretamente a ação expressa (objeto do verbo). Já em (2), fica claro que o fato ocorreu automaticamente sem que ninguém o provocasse.

Às vezes, para colocar as frases em português, usam-se verbos diferentes: “Colocar na caixa”  (箱に入れる) e “entrar na caixa” (箱に入る), mas isso é somente por causa das diferenças entre os idiomas. Se você pensar em japonês, os verbos transitivos e intransitivos têm o mesmo significado e diferenciam-se apenas por um indicar que alguém teve participação direta na ação (agiu sobre o objeto direto), enquanto o outro, não.

生徒教室に入った。= O aluno entrou na sala de aula.

Na sentença acima, foi usado o verbo intransitivo 「入る」, porque ninguém provocou a entrada do aluno na sala de aula, ou seja, a entrada dele foi algo espontâneo. 

先生が教室に生徒入れた。= É o professor aquele que colocou o aluno na sala de aula.

Neste exemplo, foi usado o verbo transitivo 「入れる」, porque alguém, o professor, provocou a ação de colocar o aluno na sala de aula. Sem a permissão do professor, o aluno não poderia ter entrado.

O mais importante desta lição é aprender como usar a partícula correta para o tipo correto de verbo. Pode ser difícil no começo fazer esta diferenciação enquanto estiver aprendendo novos verbos, ou mesmo se há num determinado verbo a distinção de transitividade.  A boa notícia é que existem dicionários na internet (em inglês) como o “WWWJDIC” ou o “Yahoo! 辞書” que agora indicam se um verbo é transitivo (vt) ou intransitivo (vi) quando a distinção se aplica. Por exemplo, olhando as frases-exemplo para o verbo 「つける」 você verá que é ele é transitivo e que usa a partícula  「を」. Observe os exemplos a seguir:

私が電気つけた。= Eu sou aquele que ligou as luzes. (ação provocada)

電気ついた。= As luzes ligaram. (ação automática)

電気消す。= Desligar as luzes. (ação provocada)

電気消える。= As luzes desligaram. (ação automática)

誰が窓開けた?= Quem abriu a janela? (ação provocada)

どうして開いた?= Porque a janela abriu? (ação automática)

Lembre-se que os verbos intransitivos não podem ser acompanhados da partícula 「を」, porque não há ação direta de um agente sobre algo. Sendo assim, as sentenças abaixo estão gramaticalmente incorretas:

電気ついた。- (「を」 deve ser trocado por 「が」 ou 「は」)

電気消える。- (「を」 deve ser trocado por 「が」 ou 「は」)

どうして窓開いた?- (「を」 deve ser trocado por 「が」 ou 「は」)

Em japonês a noção de transitividade não corresponde exatamente aos conceitos da língua portuguesa. E podemos notar isso se consideramos o fato de que alguns verbos intransitivos japoneses podem ter um objeto para terem seus sentidos completados – pelo menos, a palavra equivalente será considerada um objeto (direto ou indireto) do verbo quando a frase é traduzida (corretamente) para o português. Nestes casos, 「に」 exerce a função de marcador do objeto de um verbo intransitivo japonês:

私は勉強疲れた。 = Falando sobre eu, cansei dos estudos. (“dos estudos” = objeto indireto)

試験受かる。 = Passar no exame. (“no exame” = objeto indireto)

Alguns podem argumentar que seria melhor equiparar esses verbos intransitivos japoneses aos verbos transitivos indiretos que temos em português, isto é, verbos cujo complemento vem ligado ao verbo indiretamente, com preposição obrigatória. Tal pensamento tem sua lógica, porém, nem sempre será o melhor a se fazer. Por exemplo, seguindo essa lógica, 「友達会った」 deve ser traduzido como “encontrou COM o amigo”. Entretanto, poderá haver casos que, devido ao contexto, traduzir como “encontrou O amigo”, sendo “o amigo” objeto direto, fique melhor.

Os verbos formados pelo padrão [palavra emprestada] + 「する」 têm algo interessante quanto à transitividade, pois alguns podem ser transitivos e outros intransitivos:

(1) 母は喫煙反対する。= Falando sobre minha mãe, ela desaprova o fumo.

(2) 彼女賛成する。= Concordar com ela.

(3) キスする。= Beijar ele.

(4) 日本語勉強する。= Estudar japonês.

NOTA: Veja como as orações (1) e (3) nos mostram que não é possível equiparar todos os verbos intransitivos japoneses que podem ter um objeto aos verbos transitivos indiretos que temos em português. Como usar preposição nesses dois exemplos? Ficaria muito estranho...

Como regra geral (há sempre exceções. Cuidado!) com verbos intransitivos, a partícula 「を」 também pode ser usada para indicar:

(1) o ponto de partida, origem, tendo um sentido semelhante à partícula「から」. Vejamos o que menciona Haruo Shirane em seu livro “Classical Japanese: A Grammar”, página 160:

image

部屋出た。= Saiu do quarto.

(2) o ambiente  em que algo é feito ou acontece (comumente com o sentido de “pelo”, “através de”). Vejamos o que menciona Haruo Shirane em seu livro “Classical Japanese: A Grammar”, página 160:

image

高速道路走る。= Correr pela autoestrada.

吹雪の中捜索をする。= Buscar (dentro – através) da nevasca.

De fato, devido a estas particularidades, alguns podem achar que os termos “transitivo” ou “intransitivo” são incorretos para esses tipos de verbos. Seja como for, o que queremos é que você entenda o seu funcionamento.

Uma vez que o significado básico do Kanji é o mesmo, você poderá aprender dois verbos pelo preço de apenas um ideograma! Vejamos a seguir uma lista de amostra de verbos transitivos e intransitivos:

image

17.3. A FORMAÇÃO DE VERBOS TRANSITIVOS E INTRANSITIVOS

Originalmente, a distinção entre verbos transitivos e intransitivos era menos prevalente no japonês antigo e havia verbos básicos, como 「染む」 (しむ) = tingir, que podia ser usado em ambos os sentidos. Entretanto, muitos deles são agora arcaicos e caíram em desuso, e, através de vários meios, verbos mais longos e específicos foram sendo criados ao longo do tempo.

A língua japonesa tem uma morfologia verbal aglutinante altamente regular, com elementos tanto produtivos quanto fixos. Ora, quando um mesmo verbo tem formas distintas quanto a sua transitividade, nota-se pela tabela do tópico anterior que a diferença entre eles está no okurigana, o que nos faz supor que eles são produtos da aglutinação de outros elementos aos verbos na sua forma inicial. Sendo assim, vamos fazer uma tentativa para compreendermos o que está por trás destas mudanças.  Para tanto, temos que voltar no tempo e considerar as mudanças sonoras ocorridas ao longo da História, algo que é comum em qualquer idioma, e as formas antigas dos verbos, muitas das quais se tornaram obsoletas, o que torna o nosso estudo ainda mais difícil, já que não existem muitas referências a seu respeito.

Ora já que a forma inicial de um verbo consistia geralmente de um Kanji e um Kana, que era sua terminação, como regra geral, podemos chegar à forma original dele considerando-se o fonema da coluna U referente ao fonema que segue imediatamente o Kanji e retirando-se sua terminação Isso nos casos em que há mais de uma Kana seguindo o Kanji, é claro. Assim temos:

image

É claro que como de costume, há exceções. Por exemplo, o verbo 「出る」 não se trata de uma forma inicial. Ele deriva do verbo Shimo-Nidan clássico 「いづ」(出づ), que depois evoluiu para 「いでる」(出でる) e de alguma forma o 「い」 inicial foi deixado de lado, dando origem à forma moderna 「でる」(出る). Também, verbos que têm o fonema 「え」 após o Kanji, geralmente derivam de verbos cuja terminação era 「ゆ」, como no caso de 「冷える」, cuja forma inicial era 「冷」 e não 「冷う」.

Consciente destas particularidades, agora considere também os verbos auxiliares「う」, 「あり」e「す」, que provavelmente se trate do auxiliar clássico 「す」 (lição 33) e não do verbo irregular「す」. Sustentando esta hipótese, vejamos as bases dos verbos em questão:

03

Além destes três verbos, considere também os verbos auxiliares clássicos 「る」 e 「ゆ」. Vejamos quais eram suas bases:

image

I. O verbo 「得」 (): ao que parece, era adicionado à base Ren’youkei dos verbos Godan não terminados em 「る」 , transformando verbos intransitivos em verbos transitivos e vice-versa:

image

Apesar de as formas transitiva e intransitiva serem idênticas na escrita nestes casos, com a adição de「う」, a forma 2 do verbo passava a ser conjugada no padrão Shimo-Nidan. Tendo isso em mente, lembre-se de que a maior parte dos verbos clássicos que seguiam o padrão Nidan, sofreu a mudança [base Ren’youkei +「る」], fato que deu origem as suas formas atuais. Também, devido à perda da diferenciação entre as bases Shuushikei e Rentaikei, 「う」 aparecia frequentemente como 「うる」:

image

Quando houve o colapso das classes verbais clássicas,「得()る」 passou a ser pronunciado 「得()る」, mas há ainda algumas construções atuais que conservam sua pronúncia antiga.

ATENÇÃO! para o verbo 「折れる」. Embora pareça que este verbo intransitivo tenha surgido do mesmo processo, haja vista que 「折る」 é atualmente Godan e transitivo, vamos considera-lo uma exceção. Isso por que 「折る」 era inicialmente Shimo-Nidan e apenas passou pelos processos evolutivos desta classe. Veja no Daijirin Online:

image

NOTA: O Kanji 「文」na imagem acima refere-se à forma clássica, chamada de 文語形」 (ぶんごけい).

Provavelmente, o que ocorreu aqui é que preservaram sua forma original, reclassificando-a como Godan e como  necessitavam de duas versões para o mesmo verbo, ficou estabelecido que 「折る」 seria transitivo, enquanto 「折れる」, intransitivo.

II. O verbo 「あり」: era adicionado provavelmente à base Ren’youkei dos verbos Shimo-Nidan transitivos para transformá-los em intransitivos:

06

Alguns verbos que eram Shimo-Nidan nos tempos antigos foram reclassificados como Godan no japonês moderno, mas ainda assim, antes disso, passaram pela transformação [base Ren’youkei +「る」]. Portanto, teremos três versões do mesmo verbo, sendo duas transitivas (uma seguindo o padrão Shimo-Ichidan e outra, Godan), e uma versão intransitiva. Observe:

image

NOTA: ainda que válida, a forma inicial reclassificada como Godan, é pouco frequente no japonês moderno.

III. O verbo 「す」: vamos considerar a hipótese de que este 「す」 seja o auxiliar causativo clássico 「す」 (lição 33) e não o verbo irregular 「す」, forma clássica de 「する」. Sendo assim, comparemos suas bases:

08

O verbo auxiliar 「す」 era adicionado aos verbos intransitivos para transformá-los em transitivos. Como mencionado, consideraremos que este 「す」 seja o mesmo usado no Japonês Clássico para criar a forma causativa dos verbos de padrão Godan (Lição 33), mesmo que a regra de anexação neste caso fuja dos padrões gramaticais. 

Sem entrar em detalhes por enquanto quanto à forma causativa, ela expressa que alguém causa algo, e 「す」 era anexado à base Mizenkei. Neste caso, contudo, 「す」 apenas substitui a terminação do verbo (geralmente verbos terminados em 「る」– de classificação Godan – e alguns com terminação 「ゆ」).  Vejamos:

09

Isto parece se aplicar também aos verbos do padrão Shimo-Nidan terminados em 「る」:

10

Devido à reclassificação dos verbos no japonês moderno e as transformações sofridas pelos verbos Shimo-Nidan (que você já conhece), temos o seguinte quadro atualmente:

1740

Mas nem tudo é tão simples assim: a maioria desses verbos que que recebiam a terminação 「す」 para a criação de sua versão transitiva eram conjugados no padrão Yo-dan. Mas havia exceções (de motivos incertos) como 「載る」, cuja sua forma transitiva 「載す」era conjugada no padrão Shimo-Nidan, como podemos ver no Daijirin online:

1727

Por causa disso, no japonês moderno, os verbos que receberam este「す」e eram conjugados no padrão Shimo-Nidan, tiveram suas formas encaixadas no padrão Ichidan ([Base Ren’youkei] + 「る」), sendo três as formas possíveis atualmente:

11

Bem, seja como for, auxiliar 「す」 ou verbo 「す」, o sentido é essencialmente o mesmo, isto é, “causar (ou) fazer determinada ação”.

Devemos considerar também que há verbos transitivos Godan clássicos terminados em 「す」 que provavelmente derivem realmente da forma causativa clássica (Base Mizenkei + 「す」):

12

Interessante notar que, há casos em que a forma causativa moderna é aceita como uma versão transitiva para o verbo. Por exemplo, a versão transitiva usual de 「驚く」 é  「驚かす」, forma causativa clássica. No japonês moderno,「す」 evoluiu para 「せる」, e 「驚かせる」é válido, embora seja pouco comum.

CUIDADO! a forma causativa moderna foi padronizada como versão transitiva para alguns verbos, portanto, não a use para tal finalidade de forma indiscriminada, pois poderá gerar confusão com a forma potencial (lição 31) ou mesmo causativa propriamente dito (lição 33). 

Finalmente, há casos que são considerados como irregularidades. São verbos que tinham a terminação da base a qual 「す」era anexada alterada. Observe:

13

Vemos que, apesar da irregularidade, há um padrão de mudança para o último fonema da base, isto é, para os verbos Kami-nidan, a terminação da forma inicial é trocada pelo seu equivalente em  「おだん」 antes do acréscimo de 「す」, e para os verbos Shimo-Nidan, por 「あだん」. Assim, nos exemplos acima, 「ち」 e 「げ」 são substituídos por 「と」 e 「が」, respectivamente. Outro fato importante é que alguns desses verbos foram reclassificados para Godan no japonês moderno.

Quanto à mudança para 「おだん」 antes do acréscimo de 「す」, acredita-se que ela se trate de uma variante arcaica da base Mizenkei dos verbos Godan, proveniente do Japonês Antigo. Sendo assim, será que os verbos que sofreram essa alteração, no ínicio (entenda-se, logo que foram criados), foram classificados como verbos Godan? Ou os gramáticos consideraram essa variante apenas para uso nestes casos? Lembre-se: “gramática não é como a matemática” e estamos lidando com decisões humanas, algumas vezes tomadas por conveniência e desconsiderando possíveis padrões. Bem, não sabemos ao certo a resposta...

Nos casos como o de 「逃がす」, a teoria mais provável é que se trate de uma abreviação da forma causativa clássica da respectiva forma inicial. Para construirmos a forma causativa, o auxiliar 「す」 era adicionado à bases Mizenkei terminadas em fonemas de  「あだん」 somente. Em outros casos, deveria se adicionar 「さす」. Ora, o verbo 「逃ぐ」 seguia o padrão Shimo-nidan e sua base Mizenkei era 「逃」. Como não terminava em um fonema de 「あだん」, recebia 「さす」. Então, 「逃げさ」 provavelmente tenha sido abreviado ao longo do tempo, dando origem à 「逃」. Esta teoria faz sentido se pensarmos que o significado de 「逃がす」 (“fazer / deixar fugir”), é o mesmo que o de sua forma causativa clássica 「逃げさす」.

Ainda, podemos levantar outra hipótese. Para tanto, relembremos um trecho da lição 9, em que mencionamos a “apofonia”:

“Infelizmente, parece não haver regras claras com relação a quando deve haver apofonia ou mesmo quais as alterações que devem ser consideradas, mas as ocorrências mais comuns são a alternância de 「えだん」 para 「あだん」 e 「いだん」 para 「うだん」 ou 「おだん」.”

A apofonia parece explicar definitivamente essas irregularidades. Vamos imaginar que, como a maioria dos verbos auxiliares e excepcionalmente para os verbos de padrão Nidan, 「す」 fosse anexado à Base Ren’youkei. Assim, teríamos:

す→ 逃す (alternância de 「えだん」 para 「あだん」).

す→ 落す(alternância de 「いだん」 para 「うだん」 ou 「おだん」).

IV. Os verbos 「る」 e 「ゆ」: os verbos Shimo-Nidan 「る」 e 「ゆ」 eram anexados à Base Mizenkei. Sem nos preocuparmos com o sentido que davam ao verbo quando anexados a ele, importa saber por hora que transformavam verbos transitivos em intransitivos. Vejamos:

image

Nestes casos, as versões intrasitivas eram conjugadas no padrão Shimo-Nidan, motivo pelo qual temos formas atuais como 「埋もれる」 e 「聞こえる」, embora haja exceções como 「積もる」, que é conjugado no padrão Godan. Note aqui também a variante arcaica da base Mizenkei em 「おだん」.

Há também verbos que derivam da junção convencional com 「る」(Base Mizenkei + 「る」), como é o caso de 「生まれる」. Sua forma original é 「生む」, conjugada no padrão Godan. Então, com a anexação de 「る」, tornava-se 「生まる」, que, seguindo o padrão de 「る」, era conjugado como Shimo-Nidan. Devido a isso, no japonês moderno, tornou-se 「生まれる」.

17.4. VAMOS TENTAR SINTETIZAR!

Finalmente, vamos resumir tudo o que vimos no complicado tópico anterior, tentando buscar um padrão quanto às principais mudanças entre os verbos transitivos e intransitivos considerando o okurigana. Primeiramente, vamos considerar os verbos auxiliares estudados no tópico anterior, considerando apenas sua finalidade quanto à transitividade:

Verbo 「う」: transforma verbos transitivos em intransitivos e vice-versa;

Verbo 「あり」: transforma verbos transitivos em intransitivos;

Verbo 「す」: transforma verbos intransitivos em transitivos;

Verbo 「る」: transforma verbos transitivos em intransitivos;

Verbo 「ゆ」: transforma verbos transitivos em intransitivos.

Sendo assim, poderíamos classificar esses cinco verbos auxiliares em três grupos quanto à transitividade:

image

Agora, observe o próximo quadro e tente ao máximo considerar / imaginar a forma original do verbo para cada situação e as possíveis mudanças sonoras:

image

A versão transitiva de 「出る」, isto é, 「出す」 pode ser encaixada no padrão 6. Ao que parece, passou pelos mesmos processos de 「逃がす」: a forma inicial de 「出る」 era o verbo Shimo-Nidan clássico 「いづ」(出づ). Então, o que seria 「出, passou a ser「いす」(出す). Como já sabemos, 「出でる」 perdeu seu 「い」 inicial, e isto ficou valendo para as demais formas usadas até então.

NOTA: para uma lista mais completa, você pode acessar estes links (em inglês): Monash e Wikibooks.

Acesse nosso canal no Youtube, nossas redes sociais e demais links do projeto Ganbarou Ze!. Ajude a divulgar o projeto e, se desejar, você pode fazer uma doação pelo Pagseguro.

Link do Blog Ganbarou Ze!

Acesse as referências bibliográficas aqui.