LIÇÃO 61: A LÍNGUA JAPONESA ATUAL

Esta lição se propõe a apresentar tópicos abordando os fenômenos atuais da língua japonesa com foco em novos conceitos e manobras feitas por falantes para facilitar as coisas. Por isso, esta lição estará em constante atualização recebendo novos tópicos ou mesmo virando uma série. Fique ligado!

61.1. A LÍNGUA É VIVA!

Como já abordamos na seção “Como Aprender?”, a linguagem humana É VIVA e as regras (ou melhor, convenções) gramaticais servem apenas para tentar se manter uma unidade entre os falantes de um mesmo idioma. Afinal, seria um caos se cada pessoa resolvesse se expressar de um jeito. É através dessa unidade que, por exemplo, alguém do Amazonas pode se comunicar satisfatoriamente com alguém do Rio Grande do Sul. Contudo, precisamos ter cuidado para não transformar as convenções gramaticais em dogmas, imposições a ponto de rotular negativamente quem não as segue com afinco.

Como bons professores costumam afirmar, uma variante da língua é como uma roupa. Não é questão de certo ou errado, mas de adequado ou inadequado. Podemos ir à praia de terno e gravata? Claro que podemos! Contudo, essa não é a vestimenta adequada para o ambiente e, por isso, muito provavelmente seremos vistos como estranhos. Da mesma forma, podemos ir de chinelo e bermuda a um fórum, mas seremos vistos como estranhos, pois essa não é a forma adequada para o ambiente.

Sob essa ótica, percebe-se que, queiramos ou não, a observância das convenções gramaticais serve para situações muito específicas (assim como o terno e gravata), ao contrário da língua prática do dia a dia, que ocupa percentualmente a maior parte de nossas vidas.

Não há como negar esta realidade: todos os nativos sabem usar a língua no seu cotidiano e ninguém tem grandes problemas por não observar com exatidão as convenções gramaticais.

É importante observar esse fato, porque usuários de redes sociais e infelizmente até mesmo alguns professores têm pregado uma certa dogmatização das convenções gramaticais, rebaixando ou “excomungando” quem não pratica essas convenções com afinco. Gramática não é sinônimo de SEITA, isto é, uma “sociedade cujos membros se agregam voluntariamente e que se mantém à parte do mundo” (Dicionário Houaiss). A língua é algo pertencente a todos dentro de uma mesma sociedade e suas variantes acabam embelezando a cultura. A linguagem também é usada para expressar emoções e sensações e é importante que a linguagem seja usada de forma criativa.

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O discurso de que seguir as convenções gramaticais é sinônimo de ter uma vida melhor já está ultrapassado (ou nunca foi verdade). Não é raro nos depararmos com casos de pessoas que melhoraram sua condição de vida sem que isso tenha tido alguma relação direta com a melhora em sua linguagem. É claro que se uma pessoa quiser se tornar um escritor terá que observar as convenções gramaticais com mais cuidado, mas é simplesmente por que a língua será seu instrumento de trabalho. Da mesma forma, um piloto de Fórmula 1 terá que se preocupar mais com suas habilidades ao volante. Ou um chef de cozinha com as coisas relacionadas à culinária. Esses dois últimos casos não estão relacionados diretamente com as convenções gramaticais.

Frequentemente ouvimos coisas como: “Ah, mas numa entrevista de emprego, você terá que observar a gramática normativa”.

Isso não é bem verdade.

Na prática, o que temos que fazer numa entrevista de emprego ou em qualquer outra situação é adequar nossa linguagem, falar a “língua da tribo” se quisermos causar uma boa primeira impressão, o que não necessariamente tem a ver com observar as convenções da gramática normativa. A língua também tem uma função social, sendo uma espécie de identidade, que auxilia as pessoas a se conectarem umas com as outras.

Quer um exemplo prático?

Os mesmos que dizem que devemos observar a gramática normativa numa entrevista de emprego dizem que é errado usar estrangeirismos (workshop, briefing, coach, approach, CEO, commodity, etc.), porém... essa é uma prática muito comum no mundo corporativo! Some-se a isso o gerundismo. Como destaca a matéria “Estrangeirismo é comum no vocabulário corporativo. Isso é bom ou ruim?”, “não adianta reclamar. O jeito é tentar estar sempre por dentro dos termos usados. Faz parte do interesse de cada um avançar no conhecimento. Tem muito material na internet de forma gratuita para adquirir esse vocabulário”.

Posicionamento muito sensato. Ou alguém arriscaria ser visto como o “chatão” da equipe por não usar a língua da tribo ou pior: ficar corrigindo os colegas? O salário no fim do mês é mais importante.

Não estamos dizendo que não é necessário buscar aprimoramento na linguagem. Todos nós precisamos buscar aprimoramento EM TODAS as áreas da vida. Mas isso é muito diferente de vender a ideia de que a observância das convenções gramaticais é um “remédio-para-tudo”. É evidente que não é.

Aliás, o argumento de que a gramática normativa é como uma porta que nos possibilita ter acesso a diferentes tipos de conhecimento e que sem ela estamos no escuro é muito forçado, pois isso se aplica a qualquer área do conhecimento humano. A quantas coisas não temos acesso, por exemplo, por não saber História, geografia, biologia, mandarim, coreano, etc.? Fazer escolhas com base naquilo que mais nos faz sentido é natural e inevitável. Nunca saberemos tudo de todas as coisas.

Portanto, é importante deixarmos nossos gostos pessoais de lado (que é o que no fundo move esses dogmatizadores das convenções gramaticais) e aceitemos que a língua é viva e está em constante mudança. Expressando-se gramaticalmente certo ou não, os usuários da língua se entendem e criam constantemente novas maneiras de expressão (que possuem sua lógica!). E essas novas maneiras de expressão muito provavelmente serão as convenções gramaticais do amanhã.

61.2. O SAPO VIRA PRÍNCIPE, MAS O PRÍNCIPE PODE VIRAR SAPO

Há um conceito relativamente novo. Trata-se de 「かえるかげんしょう」 (蛙化現象) ou simplesmente 「蛙化」.

Primeiramente, vamos à etimologia de 「蛙化」, já que 「現象」 significa "fenômeno". Já 「蛙」 significa "sapo" e o sufixo 「化」 significa algo próximo ao sufixo "ção" do português, cuja função é indicar ação ou resultado de ação. Então, 「蛙化」 poderia ser traduzido forçosamente como "saponificação", no sentido de tornar-se um sapo.

Em uma primeira definição 「蛙化」 pode ser usado para expressar a repulsa que uma pessoa sente ao ter o seu afeto correspondido pela pessoa amada. Aliás, mesmo em português parece já haver esse conceito. Veja neste artigo.

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Em uma segunda definição, 「蛙化」 poderia ser usado para indicar uma certa decepção por alguma característica ou ação da pessoa de quem se gosta.

Seja como for, em ambas definições está a ideia do príncipe encantado que vira sapo.

61.3. A GRAMA E A RISADA

Com o advento da internet muitas expressões têm surgido nesse meio, o que em português se costuma chamar de “internetês”.

No Brasil, uma das formas de se expressar risada é usar a letra “K” repetidas vezes, como “kkkkk”. No Japão, pode-se expressar risada usando a letra “W” repetidas vezes, como em “wwww”. Isso se origina do verbo 「わらう」 (う), que significa “rir” e quando romanizado fica “Warau”. Outra forma é usar apenas o Kanji 「笑」.

Agora, observando a risada indicada por “wwww”, não parece a grama? Por conta disso, outra forma de expressar risada é com o Kanji de grama, isto é, 「草」, lido 「くさ」.

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Desse fato surgiu a expressão 「草生える」, que literalmente significa “crescer grama”. Ora, se a grama cresce e grama é sinônimo de risada no internetês, então, 「草生える」 também pode significar “brotar risada”. De forma mais natural, indica que algo é muito engraçado:

顔面下の下だけどめっちゃイケボで草生える。= Meu rosto é horrível, mas minha voz é surpreendentemente boa, é engraçado.

Também é possível se expressar o contrário com 「草も生えない」:

今月の残業80時間超えてて草も生えない。= Já ultrapassei 80 horas extras este mês, não tem nem graça mais.

61.4. VIRANDO UM FANTASMA

Com o advento da internet, o excesso de opções e a facilidade de acesso a elas, voltou-se o olhar para aquilo que os psicólogos chamam de “paradoxo da escolha”, fenômeno que descreve a insatisfação de pessoas diante da dificuldade causada pelo excesso de opções. Ficamos sempre com a pulga atrás da orelha pensando “Será que se eu não procurar mais um pouquinho não encontrei uma opção melhor?”, o que nos faz entrar no ciclo de procurar, encontrar, descartar, procurar algo melhor...

Com as relações humanas não poderia ser diferente. Surgiu há alguns anos o termo “ghosting”, que se refere a algo que sempre existiu, mas que se potencializou por causa das redes sociais: o encerramento repentino e aparentemente sem motivo de qualquer tipo de comunicação com uma pessoa.

Recentemente, sugerimos ao projeto EDICT a inclusão de palavras referentes ao ghosting:

➩ 既読無視 【 きどくむし 】: o ato de ler (visualizar) uma mensagem, mas não responder.

➩ 未読無視 【 みどくむし 】: o ato de ignorar uma mensagem.

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E como se diz “ghosting” em japonês?

Essa é uma palavra que também entrou recentemente no projeto EDICT por sugestão nossa. A palavra é 「自然消滅」 (しぜんしょうめつ):

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Analisar a formação de palavras nos ajuda a entender a cultura e contextos históricos, pois cada palavra nos conta uma história. No caso de 「自然消滅」 podemos nos perguntar: “Por que 「自然消滅」 foi a palavra escolhida e que se popularizou para expressar o sentido de 'ghosting'?”

Se analisarmos os sentidos anteriores de 「自然消滅」(os presentes na definição 1), todos remetem a um tipo de encerramento natural. Será que é por que para os japoneses praticar o ghosting tem se tornado a forma cada vez mais normal de encerrar relacionamentos?

Perceba que, considerando os aspectos culturais do Japão, o ghosting pode ser explicado pelo evitar conflitos (e é por isso que talvez se diga que no Japão é uma prática muito comum se comparado ao restante do mundo). Entretanto, se pesquisarmos sobre ghosting em fontes ocidentais, veremos com frequência essa prática sendo associada à imaturidade e ao desrespeito profundo.

É claro que se analisarmos friamente, o ghosting se explica pelo evitar conflitos, mas acaba anulando o respeito pelo outro, algo pelo qual os japoneses são conhecidos. Perceba que nisso os japoneses acabam entrando num dilema: evitar conflitos ou respeitar o outro, no sentido de não tratá-lo como algo descartável sem um sério motivo para isso?

Será que os japoneses não consideram o ghosting desrespeitoso? Ou será que o respeito pelos outros pelo qual os japoneses são tão conhecidos se trata apenas de uma etiqueta, isto é, regras e normas que estabelecem o comportamento socialmente aceito em diferentes ocasiões, baseando-se no trato de formalidades em momentos cerimoniais ou na convivência comum, não refletindo necessariamente o caráter de uma pessoa?

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Esse questionamento parece bobo, mas não é, já que, como estudantes de japonês, precisamos procurar interagir com os japoneses e é bem provável que seremos vítimas de ghosting em algum momento. E isso certamente nos desmotivará se não deixarmos de lado as nossas idealizações, como se os japoneses fossem todos espontaneamente respeitosos. Talvez estejam apenas cumprindo os protocolos que lhes são impostos socialmente, sob pena de exclusão social.

61.5. MAIS UM PRODUTO DO PRINCÍPIO DO MENOR ESFORÇO

Entender que nós falantes nativos, ao longo do tempo, vamos instintivamente encurtando as palavras e expressões para economizar energia é fundamental para se adquirir fluência em qualquer língua. Afinal, parafraseando o americano Tim do canal Tim Explica, um falante nativo vai usar a língua dele do jeito que ele quiser e não do jeito que os estudantes aprendem.

Esse fato concreto e facilmente atestável NO MUNDO REAL faz cair por terra todo discurso daqueles que têm os mais loucos fetiches com relação à gramática ensinada pelos livros. Ela é importante, mas é preciso aceitar também que, na prática, cada um de nós fala a língua de sua tribo, daquele grupo que mais nos prestigia e nos dá oportunidades. A língua tem também uma função social de identidade e conexão com nossos pares.

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Dito isso, uma expressão japonesa que podemos dizer saída do forno é 「おめあり」, abreviação da junção de 「おめでとう」e 「ありがとう」.

É usada como resposta ao 「おめでとうございます」, como um “Obrigado por me parabenizar”.

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E, por sugestão nossa, a expressão「おめあり」foi adicionada ao projeto EDICT.

61.6. CONTEXTUALIZAÇÃO E POPULARIZAÇÃO

Se o princípio do menor esforço dá origem a muitas novas palavras, um contexto específico e a possível popularização, também. Esse é o caso, por exemplo, da expressão 「わかんのみほ」, que é a junção do verbo 「分かる」, que significa “entender”, com o nome Miho Kanno, atriz e cantora pop. 「わかんのみほ」 é usado, coloquialmente, para transmitir compreensão e empatia diante de alguma afirmação, sendo o seu significado algo como “Eu entendo os seus sentimentos”.

A ideia por trás dessa expressão está provavelmente em ser uma “resposta” às letras românticas da cantora Miho Kanno e isso acabou se popularizando. Veja como o surgimento de 「わかんのみほ」é interessante, pois nos mostra como os falantes nativos de qualquer língua são criativos e imprevisíveis, e como as palavras e expressões podem se vincular ao seu contexto no momento de sua criação e popularização.

Sendo assim, em tese, qualquer um de nós pode criar novas palavras e expressões, sendo que é a popularização (ou não) que determinará se a palavra ou expressão será “oficializada” no idioma. Neste sentido, o prestígio que uma pessoa ou grupo tem dentro de uma sociedade exerce grande influência.

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E também, por sugestão nossa, a expressão「わかんのみほ」foi adicionada ao projeto EDICT.

61.7. CLÁSSICO, MAS ATUAL

A expressão 「あわよくば」 vem de 「あわ(い)」(間), que poderíamos dizer ser uma variante clássica de 「あいだ」(間), que aqui significa “espaço”, “intervalo”, “momento”, seguido da forma condicional clássica de 「よい」(良い), que significa “bom”. Sendo assim, 「あわよくば」significa literalmente algo como “Se o momento for bom...”, expressando um resultado desejável. Observe o exemplo a seguir:

あわよくばミスコンで優勝したいと思っている。= Se a sorte estiver do meu lado, estou pensando que gostaria de ser a grande campeã do concurso de beleza.

「あわよくば」 é uma expressão que aparece geralmente em conversas de negócios. Como curiosidade, no Kyoto/Melbourne N-gram Corpus, criado por Jim Breen a partir de um conjunto de 500 milhões de frases japonesas coletadas de páginas da internet em 2004 por Daisuke Kawahara e Sadao Kurohashi na Graduate School of Informatics da Universidade de Quioto,あわよくば」 possui 3954 ocorrências.

61.8. 「ふてほど」: EXTREMAMENTE INAPROPRIADO!

Presenciar o nascimento de novas palavras é uma grande oportunidade para analisarmos como realmente a linguagem humana é viva e espontânea. Não são livros que ditam uma língua, mas sim o povo, as massas; tudo é questão de popularidade (e/ou prestígio) e mútuo entendimento entre os falantes de uma língua. A partir disso, em algum momento no futuro, os gramáticos apenas tentarão encontrar padrões e convencionarão “regras” gramaticais baseadas nos padrões observados.

Uma dessas expressões nascidas recentemente é 「ふてほど」, uma abreviação do título da série dramática da TBS 「不適切にもほどがある!」 (ふてきせつにもほどがある!) [Extremamente inapropriado!], lançada em janeiro de 2024. No início de dezembro de 2024, 「ふてほど」ganhou o prêmio de palavra do ano, e no dia 14 de março de 2025 sugerimos a sua inclusão no projeto EDICT, a qual foi acatada. 「ふてほど」já consta no Jisho.org:

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Algo interessante a ser observado em 「ふてほど」é o princípio do menor esforço (sempre ele!), o que causou uma abreviação de 「不適切にもほどがある」, e a extensão de significado, pois também pode ser usado para descrever uma notícia inapropriada vinda da mídia de massa. Tudo isso, novamente, originado de forma espontânea, instintiva dos falantes da língua japonesa e simplesmente por que... a MAIORIA gostou de 「ふてほど」.

Aliás, pegando 「ふてほど」como exemplo, não é interessante pensar que nós do presente somos como as testemunhas oculares de seu nascimento e desenvolvimento, bem como os responsáveis por documentar a sua história para as gerações futuras? Quem sabe daqui a décadas, séculos... estudiosos não estarão lendo este tópico, porque estarão rastreando a origem de 「ふてほど」? É como se pudéssemos dizer às gerações futuras: “Eu estava lá em 2024 quando 「ふてほど」nasceu!”.

61.9. NO DICIONÁRIO OU FORA DO DICIONÁRIO?

Na lição 9, vimos os processos, muitas vezes automáticos, que envolvem a formação de palavras. Vimos que novas palavras se originam normalmente da junção de palavras já conhecidas do próprio idioma ou emprestadas de outros idiomas para suprir alguma lacuna que surge com as constantes mudanças da vida humana.

Dito isto, perguntamos: quando devemos considerar uma nova palavra como sendo de fato uma nova palavra, no sentido de ela “merecer” ser registrada nos dicionários? Isso não deixa de ter um aspecto SUBJETIVO por parte dos editores de cada dicionário. Haverá novas palavras que encontraremos em alguns dicionários e em outros, não. Haverá novas palavras que se tornarão muito populares e já constarão na maioria dos dicionários; outras, não. Haverá novas palavras que NÃO se tornarão tão populares, mas que constarão nos dicionários talvez por serem termos técnicos vindos de algum ramo do conhecimento humano. E assim por diante.

Em abril de 2025, houve um apagão em alguns países da Europa, cuja causa foi apontada como sendo um fenômeno raro chamado de “vibração atmosférica induzida”. Agora reflitamos:

Com certeza, muitos de nós, NÃO conhecíamos esse termo, não é mesmo? E o mais interessante é que, embora conheçamos o significado das palavras individualmente ((1) vibração + (2) atmosférica + (3) induzida), as pessoas leigas nas áreas da Física, Meteorologia, etc. certamente não conseguiriam imaginar o que o termo vibração atmosférica induzida realmente indica, que, segundo a CNN Brasil, é um fenômeno que “ocorre quando oscilações de baixa frequência, entre 0,1 e 10 Hz, afetam os condutores e componentes da rede elétrica. Essa vibração tem origem da interação entre fenômenos elétricos e as condições climáticas”.

Tal conceito em português é apontado com o uso de três palavras independentes, portanto, não se trata de uma nova palavra propriamente dita, que poderia ser construída, por exemplo, usando-se elementos gregos e/ou latinos (os “Kanjis” da língua portuguesa). Apenas como curiosidade, pedimos ao ChatGPT que construísse uma PALAVRA em português usando elementos gregos ou latinos para expressar o significado por trás do termo “vibração atmosférica induzida”. A palavra que ele formou é “atmovibrogênese”, na qual temos:

→ Atmo- (grego: atmosfera, ar)

→ Vibro- (latim: vibração)

→ -Gênese (grego: origem, geração)

Se “atmovibrogênese” se popularizasse entre os especialistas e/ou entre o povo em geral, muito provavelmente ela passaria a constar em algum dicionário.

Feita essa explanação usando o português como exemplo, passemos para o japonês, pois encontramos algumas referências de como dizer “vibração atmosférica induzida” em japonês, que é 「ゆうどうたいきしんどう」(誘導大気振動). Diante disso, sugerimos a inclusão de 「ゆうどうたいきしんどう」(誘導大気振動), ao projeto EDICT, a qual foi NEGADA, sob a justificativa de que 「誘導大気振動」 se trata apenas de uma junção de três palavras (independentes).

Nós discordamos dessa justificativa e, por isso, e a incluímos no Dicionário Ganbarou Ze!. Isso pode fazer você pensar: “Ué, mas vocês acabaram de dizer que, em português, “vibração atmosférica induzida” se trata de três palavras independentes e, portanto, não é uma nova palavra propriamente dita”.

SIM!!

Acontece que, NO JAPONÊS, mesmo uma junção de palavras independentes PODE ser (e frequentemente É) considerada como uma palavra a ser registrada no dicionário. Some-se aí o fato de que, assim como acontece no português, as palavras independentes de 「誘導大気振動」NÃO são autoexplicativas para pessoas leigas. Em outras palavras, 「誘導大気振動」é um termo técnico que, além de precisar constar no dicionário, precisa ser explicado, coisa que fizemos no Dicionário Ganbarou Ze!:

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Além do mais, a base de dados do projeto EDICT está cheia de palavras oriundas da junção de palavras independentes. Se são populares ou não, isso é irrelevante, pois o nosso ponto aqui é se em alguma área do conhecimento humano tal composição (ou palavra) é usada (importante) para “merecer” ser registrada em dicionários.

61.10. E... AQUI CONTINUAREMOS A TRAZER GÍRIAS!!

Neste tópico traremos expressões recentes e informais que não foram vistas nos tópicos anteriores, só que agora nos moldes da série “Em Poucas Palavras”. Como você chegou até aqui e já deve ter um entendimento bem satisfatório da língua japonesa, não há muito mais o que explicar:

➩ だよね: é uma forma coloquial de mostrar concordância com algo dito:

HIROSHI: 明日は晴れるといい。= Espero que amanhã seja um dia claro.

MAKOTO: だよね。= Espero que sim, também.

É claro que é possível usar 「ですね」para a mesma finalidade, sendo mais polido do que 「だよね」.

➩ (っ)てかさ: é uma forma coloquial de 「と言うか」, que pode ser usada para:

(1) Para mudar de assunto:

てかさ、昨日さ、ジョン見た?= A propósito, você viu o John ontem?

(2) Para adicionar alguma informação ou corrigir a afirmação:

てかさ、それって違くない? = Mas isso não está errado?

(3) Para mostrar surpresa ou ênfase:

てかさ、めっちゃ高くない、それ!? = Uau! Isso realmente foi caro?!

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