LIÇÃO 9: ETIMOLOGIA

Como nossa intenção não é apenas que você saiba japonês, mas também desenvolva um modo de pensar japonês, nada mais útil do que fazermos uma abordagem da origem das palavras do léxico japonês.

9.1. A ORIGEM DAS PALAVRAS 

As palavras, assim como as línguas, sofrem ciclos semelhantes ao dos seres vivos: nascem, quando uma pessoa ou comunidade cria uma nova palavra, crescem, quando esta palavra é difundida e passa a ser dicionarizada, se reproduzem, quando começam a dar origem a outras palavras, e muitas vezes morrem, quando se tornam tão ultrapassadas que as pessoas abandonam o seu uso.

A etimologia é a parte da gramática que estuda a história ou origem das palavras e da explicação do significado das palavras através de seus elementos (morfemas). Estuda a composição dos vocábulos e a sua evolução. Além de ser muito interessante, a etimologia pode demonstrar origens comuns das palavras, semelhanças entre línguas diferentes, além de facilitar a nossa compreensão de palavras novas para nós, caso conheçamos a sua raiz.

Basicamente, toda palavra em japonês origina-se de uma (ou mais) das três fontes etimológicas, que são 「やまとことば」 (大和言葉), também chamada de「わご」 (和語), 「かんご」 (漢語) e 「がいらいご」 (外来語). Observe a figura abaixo:

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9.2. YAMATO-KOTOBA

“Yamato Kotoba” (大和言葉) refere-se às palavras nativas japonesas, isto é, palavras que foram herdadas do japonês antigo, em vez de serem emprestadas de outras línguas.

No Período Yamato (300-710 d.C.), um número razoável de pessoas cruzou ao longo da Coréia e da China para o Japão e começou a colonização, trazendo novas tecnologias, como a plantação de arroz (um grande negócio para manter todos os nômades em um lugar), metal, e muito mais. As pessoas que viviam no Japão antes disso eram conhecidos como os Jomons, que viveram no Japão de 8000 aC a 300 aC aproximadamente. Os Jomons são tecnicamente o povo japonês “original”, mas as coisas mudaram e as pessoas da China e Coréia migraram.

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A “tribo” Yamato foi apenas uma das muitas que fizeram o seu caminho para o Japão e o colonizaram. De alguma forma, porém, eles conseguiram se tornar muito mais poderosos do que as outras tribos. De fato, não se sabe o porquê disso ter acontecido, mas talvez parte disso seja por causa do seu governo estabelecido no século VI, que foi baseado nas Dinastias chinesas Sui e Tang, o centro de influência política asiática na época. De qualquer maneira, eles se tornaram muito lustres no círculo das tribos do Japão e acabaram por reger grande parte do território japonês. Como a influência Yamato se expandiu, sua língua, isto é, o Yamato Kotoba, tornou-se a língua comum – e ainda está sendo usada hoje, apesar de consistir apenas parte do léxico japonês.

A maioria das palavras nativas japonesas é polissílaba e segue uma sequência aproximadamente do que é para nós [consoante + vogal). Na maioria das vezes, pelos padrões gramaticais japoneses não mistura palavras de etimologia diferente, no entanto, existem algumas exceções. Por exemplo, 「する」 é adicionado a algumas palavras Kango para transformá-los em verbos. 「な」 é adicionado aos substantivos Kango abstratos para torná-los adjetivos, e 「る」 é frequentemente adicionado a uma contração de uma expressão estrangeira para criar um verbo coloquial, muitas vezes, para descrever um fenômeno. A maior parte dos sobrenomes é de origem nativa, mas os nomes dados são outra história. As palavras nativas são geralmente escritas em Kanji ou Hiragana. Agora, é claro, inflexões gramaticais e elementos não representados por meio de Kanji são escritos em Hiragana.

Devido à sua importância histórica como o berço da civilização japonesa, Yamato tornou-se sinônimo de Japão em muitos usos poéticos e idiomáticos. Durante a Segunda Grande Guerra, a propaganda oficial apelou para o poder do "espírito japonês", ou 「やまとだましい」 (大和魂) = o espírito de Yamato. Ao longo da história japonesa, referências patrióticas para "o povo japonês" têm utilizado o rótulo 「やまとみんぞく」 (大和民族) = o povo de Yamato.

9.3. KANGO

Com a entrada de textos chineses e a adoção de Kanjis para se escrever japonês, é natural que palavras chinesas também fossem adotadas pelos japoneses. Este grupo de palavras forma o Kango (漢語), e são palavras que derivam das leituras On provenientes do chinês médio (séc. V – XII). Contudo, lembre-se que, devido à limitada fonética japonesa, as leituras On são adaptações das pronúncias originais, e, portanto, embora os ideogramas sejam os mesmos, não soam como a palavra chinesa. Por exemplo, a composição chinesa 「先生」, que significa “professor”, foi adotada pelos japoneses para expressar o mesmo conceito. Entretanto, a pronúncia japonesa é 「せんせい」 (leituras On), ao passo que a original chinesa é “xiān sheng” (ouça a pronúncia neste link).

Aproximadamente 70% do léxico japonês são compostos por Kango, mas apenas 20% dessas palavras correspondem às mais usadas na língua falada.

Através das leituras On, temos uma grande visão de como as versões mais antigas do chinês podem ter soado, como por exemplo, estudando as mudanças sonoras que tiveram que ocorrer nelas durante a transferência e a evolução subsequente desde então. As mudanças linguísticas que as leituras On sofreram no japonês médio (séc. XIX – XVII) foram significativas. Pela primeira vez sílabas fechadas foram permitidas, todavia por um curto período de tempo. Estas leituras introduziram fonemas novos, como “kw” e “gw”, que desapareceram antes do início do japonês moderno. Elas também trouxeram o conceito de vogais longas e curtas e consoantes e o “n” uvular, que continuaram a ser muito importantes.

A leitura On é a base para determinar se uma palavra é de origem chinesa. No entanto, há caracteres nativos (Kokuji) que ocasionalmente têm uma leitura On derivada de algum outro Kanji ou componente, como em 「働」 (dou), leitura proveniente de 「動」, e em casos raros somente uma leitura On, como em 「腺」(sen), proveniente de 「泉」, que é utilizado em composições técnicas (「腺」 significa “glândula”, por isso, é usado na terminologia médica). Existem também raras exceções em que uma leitura Kun é, na realidade, de origem chinesa. Por exemplo, 「馬」 (うま) e 「梅」 (うめ). Às vezes o ateji faz a distinção entre palavras Kango e o vocabulário nativo japonês mais difícil de compreender.

Há ainda o conjunto 「わせいかんご」 (和製漢語) que literalmente significa "chinês feito por japoneses", isto é, palavras japonesas criadas a partir de elementos chineses (ao modo chinês). Tal fato ocorreu no fim do século XIX e início do século XX, quando os japoneses usaram as leituras On a fim de descrever novos termos. Vejamos alguns:

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Muitas dessas palavras criadas pelos japoneses a partir da leitura On foram agregadas ao léxico chinês. O que é estranho é que para esses termos, na maioria das vezes, não há um nativo equivalente.

Algumas palavras Kango criadas no Japão ainda correspondem a itens exclusivos japoneses. Vejamos alguns exemplos:

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Há outras maneiras com as quais os japoneses criaram palavras Kango. Por exemplo, muitas derivam de expressões nativas que foram modificadas para que pudessem ser lidas como se fossem Kango, criando assim, um termo mais técnico. Observe o quadro abaixo:

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Note como os elementos japoneses eram retirados e os Kanjis juntados. Deste modo, poderiam ser lidos como se fossem Kango (leituras On). Se o termo já estivesse no padrão chinês, as leituras eram apenas alteradas. Claro, há ainda as palavras que são metades nativas e metade Kango.

Finalmente, observe a composição 「学校」 (がっこう), que significa “escola”. Se o Kanji 「校」 por si mesmo significa “escola”, por que está acompanhado do Kanji 「学」, que significa “aprender”? Isso não seria redundância, como dizer “subir para cima”?

A resposta é SIM, trata-se de uma redundância, mas tem uma razão de ser. Vamos entender: no geral, palavras chinesas (consequentemente as leituras On) são curtas, o que consequentemente acarreta em um grande número de palavras homófonas. Sendo assim, em muitos casos, um único Kanji não possuía uma pronúncia longa o suficiente que fizesse com que ele pudesse ser distinguido de outros de mesmo som. Então, a solução encontrada pelos chineses foi criar uma composição de Kanjis 「じゅくご」, cujos significados fossem semelhantes, para que assim, a pronúncia se tornasse mais longa e, consequentemente, distinguível na fala. Muitas composições foram criadas devido a esse problema. Vejamos alguns exemplos:

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9.4. KANGO, O VERDADEIRO VILÃO DA HISTÓRIA?

Agora, que conhecemos o Kango, vamos propor uma reflexão. Você deve se lembrar que no tópico “5.4. Por que os japoneses ainda usam o Kanji?”, mencionamos que qualquer um que tenha vasta experiência na escrita japonesa é capaz de explicar o porquê do desejo de se abandonar o Kanji no pós Segunda Grande Guerra não ter dado certo: em qualquer momento, ao efetuarmos a transcrição de uma palavra escrita em Kanji para o Hiragana (ou mesmo Roomaji), muitas vezes deparamo-nos com pelo menos duas palavras homófonas e, às vezes, até mais de dez. Para ilustrar, procure no dicionário o significado da palavra “kikan” e você se deparará com pelo menos 50 vocábulos com significados diferentes!

Como seria possível diferenciar as palavras dentro de um texto, já que seus sons são idênticos? Fica claro, portanto, que tanto os 46 fonemas do sistema Kana como o sistema Roomaji, não são capazes de diferenciar as palavras homófonas, mesmo graficamente. Daí a necessidade do Kanji. Ponto.

Entretanto, você já se questionou qual o motivo para a língua japonesa ter tantas palavras homófonas a ponto de se fazer necessário o uso do Kanji?

Bem, se analisarmos friamente, veremos que a grande maioria das palavras homófonas usadas na língua japonesa, provém de uma fonte: o KANGO.

Vamos voltar na História: como você já sabe, o povo Yamato tornou-se muito influente no Japão e eles tinham sua própria língua (Yamato Kotoba). No período em que a língua de Yamato estava começando a se espalhar, a influência chinesa era grande. A China era considerada a grande potência, possuindo, aos olhos de outros povos, todos os mais incríveis atributos. Sendo assim, por exemplo, saber ler caracteres chineses, era sinônimo de inteligência; agir como os chineses era sinônimo de ser culto; se o seu governo era incrível, você o estabeleceu nos moldes chineses, e assim por diante.

A China era a referência de nação perfeita, e os governantes Yamato queriam ser tão bons quanto ela. Qual foi a solução encontrada? Basicamente, “vamos copiar a China”. Daí “pedaços” da China começaram a ser introduzidos no Japão, tanto no âmbito cultural, como na língua.

Em outras palavras, pode-se dizer que o desejo dos governantes de Yamato era fazer com que sua língua soasse “à moda chinesa”. Cremos que o fato de começarem a importar / criar palavras seguindo o padrão chinês, de onde nasceu o Kango, foi o que causou a dependência do uso de Kanjis, pois no geral, palavras chinesas (assim como as leituras On) são mais curtas, o que consequentemente acarreta em um grande número de palavras homófonas. E para piorar ainda mais esse cenário, considere o fato de que a fonética japonesa é muito limitada e as leituras On eram apenas aproximações do som original chinês, ou seja, muitas vezes sons chineses parecidos, mas diferentes eram introduzidos no Japão como sendo um único som.

Apenas para que você entenda como se deu basicamente esse processo: imagine as palavras em português “” e “sol”. São parecidas no som, mas diferentes. O que os japoneses da época fariam se tivessem que introduzi-las em sua língua? “Ah, como não temos o “l”, “sol” passará a ser pronunciado “só”’. Então “só” e “sol” que originalmente são palavras distintas e possuem pronúncias diferentes, no japonês, passam a compartilhar da mesma pronúncia, passam a ser homófonas.

Como já sabemos, o Kango corresponde a 70% do léxico japonês, o que torna claro que ele praticamente dominou a língua nativa dos Yamato. Entretanto, apenas 20% aproximadamente é usada na fala (provavelmente devido a dificuldade de se diferenciar palavras homófonas na fala).

Outra questão é que cada caractere (“desenho”) do sistema Kanji foi pensado levando-se em consideração a visão de mundo de um povo local, que usando os seus recursos de linguagem disponíveis, buscaram suprir as necessidades de comunicação de cada época. Sendo assim, precisamos levar em conta que há o que mencionamos no tópico “5.4. Por que os Japoneses Ainda Usam o Kanji?”: (1) conceitos universais (que não mudam com o tempo ou lugar) e (2) conceitos circunstanciais (que dependem do tempo, lugar, visão de mundo das pessoas, recursos de linguagem disponíveis, etc.). E, nesse ponto, pode-se discutir se os caracteres usados são práticos ou não (pelo menos do ponto de vista japonês).

Diante disso tudo, ficam dois pontos:

(1) O KANGO É O VERDADEIRO VILÃO DA HISTÓRIA?

Existe aquele famoso ditado “nada se cria, tudo se copia”. Copiar coisas boas das pessoas de fora pode ser uma boa estratégia para se destacar sobre aqueles de um mesmo grupo que estão acostumados com as mesmas coisas. Por exemplo, seja no mundo dos negócios, seja no mundo do entretenimento, vemos muitas fórmulas importadas.

A questão é que às vezes copiar partes de um todo pode gerar dependência do todo. Cremos que a necessidade do Kanji na língua japonesa se deve ao fato de ter se desejado que a língua da tribo de Yamato soasse à moda chinesa. Se por um lado eles ganharam relevância (política e social) sobre as demais tribos por importar elementos chineses ao seu estilo de vida, por outro acabaram criando, em sua língua, inevitavelmente uma dependência de Kanjis. Some-se a isso as adaptações fonéticas que foram adotadas e as várias leituras que foram sendo adotadas para um mesmo Kanji. Aliás, na China atualmente cada Kanji possui geralmente apenas uma leitura. Alguns outros possuem duas e raramente há três maneiras de ler um mesmo Kanji.

Será que não teria sido melhor que os governantes de Yamato prezassem mais pela sua língua e a conservassem em vez de querer copiar outro idioma, por mais que a China fosse uma superpotência na época?

(2) OS CARACTERES USADOS NÃO PODERIAM SER ATUALIZADOS?

Ora, os tempos mudam, visões de mundo mudam e não há como conhecer cada fator que foi levado em consideração para a construção de um Kanji. Mas, é bem provável que ao se construir um caractere foram levados em consideração conceitos e recursos de linguagem familiares para a época e para o povo. Por que não usar do mesmo critério hoje? Note, por exemplo, que o critério de formação “fonético-semântico” (um elemento indica a pronúncia e o outro, o significado ou vice-versa) do ponto de vista japonês é irrelevante, porque esse critério leva em consideração dialetos chineses e alguns elementos constituintes que podem não ter sido adotado na língua japonesa. Em outras palavras, podemos nos deparar com quebra-cabeças com peças faltantes (seja pronúncia, ou “pedaços” de Kanji).

Um sistema de Kanjis atualizado, que leve em consideração elementos familiares aos tempos modernos e baseado nos recursos japoneses de linguagem não seria melhor? Um sistema de símbolos, pela sua própria natureza, necessita ser constantemente revisado e atualizado. Por exemplo, citamos na lição 5 o símbolo “☏”. Ora, é fácil perceber que se trata de um telefone. Porém, sabemos que esse símbolo se trata de um telefone porque ainda temos a imagem de um telefone velho na memória. Entretanto, com certeza daqui a algumas décadas, as pessoas não conseguirão mais associar o símbolo “☏” a telefone. As coisas evoluem e símbolos só fazem sentido mesmo se forem capazes de transmitir a ideia a qual se propõem transmitir. Precisam ser familiares aos usuários de uma língua. Seria pouco prático, por exemplo, manter o símbolo “☏” para telefone e ter que explicar para uma pessoa no ano de 2.200: “usa-se ‘☏’ para telefone, pois até o século 21 assim era a aparência dos telefones”.

Porém, ainda que alguns concordem que em termos práticos seria melhor um conjunto de Kanjis atualizados (e constantemente revisados), tem-se um problema: o rompimento com o passado. Não é difícil imaginar que adotar um sistema de Kanjis novos faria com que os japoneses se esquecessem dos velhos Kanjis em alguns anos. Com isso, grande parte da vasta literatura se tornaria inacessível, ficando restrita a um grupo de pessoas que estudassem esses velhos Kanjis. Além disso, uma constante atualização de Kanjis acarretaria não somente um rompimento com um passado distante, mas também com um passado mais recente. Em outras palavras, os Kanjis de hoje provavelmente não serviriam mais daqui a 200 anos, seriam atualizados e se tornariam ineficientes novamente depois de algumas décadas ou séculos. E se repetiria o ciclo. Veja como o sistema de Kanjis se tornaria inconsistente.

De fato, a questão “Rompimento com o passado Vs. Praticidade no uso da língua” gera muitos longos debates. Nesse ponto, há povos que tendem ser mais conservadores (o passado é muito importante) e há outros que tendem ser mais abertos (o passado já não interessa tanto assim).

Um sistema de vogais e consoantes no qual fosse possível obter muitas variações, a exemplo do Hangul (sistema coreano), seria o ideal? Talvez. Contudo, enquanto os Kanjis atuais não forem um problema para os japoneses e estiverem sendo satisfatórios para a comunicação, nada mudará (assim como acontece com qualquer povo). Cada idioma foi pensado para atender às necessidades de comunicação de um povo local. Sendo assim, as mudanças – se tiverem que ocorrer – devem partir de seus usuários nativos.

9.5. GAIRAIGO 

Os primeiros ocidentais a fazer negócios com os japoneses foram os portugueses e holandeses, a partir do século XVI. Por isso, muitas palavras de seus respectivos idiomas foram adotadas na língua japonesa. No final do século XIX e início do século XX, muitas palavras do inglês e de e outros idiomas europeus também foram incorporadas. Essas palavras emprestadas de línguas modernas são chamadas 「がいらいご」 (外来語).

A preferência por usar estas palavras é um tanto discutível; algumas pessoas preferem usá-las simplesmente por praticidade ou por que soa moderno. Por exemplo, a palavra japonesa para “negócios” é 「しょうばい」 (商売), mas a palavra emprestada 「ビジネス」 (do inglês ‘business’) é também usada. Outro exemplo é 「ぎゅうにゅう」 (牛乳) – palavra japonesa – e 「ミルク」 (palavra emprestada – do inglês ‘milk’) para leite.

A maior parte das palavras que compõem o conjunto gairaigo são substantivos, mas com o auxílio de 「する」, 「な」, e 「る」, podem ser usados como verbos ou adjetivos. Observe alguns exemplos:

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Muitas palavras emprestadas são frequentemente abreviadas de modos que não podem ser em suas línguas originais, pois a limitada base de sons da língua japonesa faz com que essas palavras se tornem extremamente longas. Isso é tão comum com termos em inglês que há o termo 「わせいえいご」 (和製英語), ou seja, “inglês feito por japoneses”. Estas palavras têm divergido de sua aparência original, significado ou ambos. Seguem alguns exemplos:

Maiku (マイク) → microfone (origem: “microphone”)
Suupaa (スーパー) → supermercado (origem: “supermarket”)
Depaato (デパート) → loja de departamentos (origem: “department store”)
Biru (ビル) → prédio (origem: “building”)
Irasuto (イラスト) → ilustração (origem: “illustration”)
Meeku (メーク) → maquiagem (origem: “make-up”)
Daiya (ダイヤ) → diamante (origem: “Diamond”)

Palavras múltiplas também são abreviadas, geralmente em quatro sílabas:

Pasokon (パソコン) → computador pessoal (PC) (origem: “personal computer”)
Waapuro (ワープロ) → processador de textos (origem: “word processor”)
Amefuto (アメフト)→ futebol americano (origem: “American football”)
Puroresu (プロレス)→ lutador de luta-livre profissional (origem: “professional wrestling”)
Konbini (コンビニ)→ loja de conveniências (origem: “convenience store”)
Eakon (エアコン)→ ar condicionado (origem: “air conditioning”)
Masukomi (マスコミ)→ mídia de massa (origem: “mass communication”)

Uma palavra emprestada pode ainda ser combinada com palavras japonesas ou outras palavras emprestadas. Aqui estão alguns exemplos:

Shouene (省エネ) → economia de energia
Shokupan (食パン) → fatia de pão
Keitora (軽トラ) → caminhão leve
Natsumero (なつメロ) → melodia nostálgica

Nem todas as palavras que compõem o Gairaigo são derivadas do inglês. Há até palavras emprestadas de dialetos modernos do chinês, e nas fontes do Gairaigo incluem-se também o francês, espanhol, português, alemão, holandês e algumas línguas indo-europeias primárias. Observe o quadro a seguir com alguns exemplos:

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No japonês moderno, as palavras Gairaigo são escritas em Katakana e as palavras nativas, geralmente escritas em Hiragana. No entanto, tal estilo de escrita é relativamente recente. Por um longo tempo, as palavras deveriam ser escritas o máximo possível em Kanji. Em épocas anteriores, estes Kanjis eram muitas vezes acompanhados de Furigana. Sendo assim, as novas palavras tiradas do holandês e do português receberam Kanjis. Abaixo estão alguns exemplos de palavras de línguas estrangeiras que também têm uma forma com Kanji:

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Aproximações mais tradicionais são comuns, por isso, muitos falantes ainda chamarão um smart phone de 「スマートホン」 em vez de 「スマートフォン」. Porém, há um movimento referente à terminologia eletrônica que dá preferência às novas combinações.

Finalmente, existem as “palavras emprestadas” que na verdade foram criadas no Japão. Por exemplo, 「サラリーマン」 (do inglês ‘salary’ + ‘man’) refere-se a alguém cuja renda é a base salarial, geralmente as pessoas que trabalham em corporações. Outro exemplo é 「ナイター」 (do inglês ‘night’ + sufixo ‘er’), que significa partida de baseball que ocorre à noite.

9.6. MORFOLOGIA DA LÍNGUA JAPONESA

Em linguística, “morfologia” é o estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. Os idiomas diferem nos processos pelos quais se formam novas palavras. A língua japonesa é aglutinante, ou seja, palavras são formadas pela união de elementos básicos, chamados “morfemas”, que mantêm suas formas originais e significados, com poucas alterações durante o processo de combinação. Um morfema é a menor unidade linguística que possui significado e que não pode ser dividida em partes significativas menores. Como regra, cada caractere chinês representa um morfema.

Composição e derivação estão entre os mais importantes processos de formação de palavras em japonês: Vejamos:

I. Composição: consiste na combinação de duas ou mais palavras ou elementos de palavras que tenham o seu próprio significado lexical (um significado substancial por si mesmo) para produzir um novo termo que funciona como uma só palavra. Uma vez que os caracteres chineses são extremamente produtivos em sua capacidade de gerar novas palavras, a composição desempenha um papel importante na formação de palavras em japonês. Ao combinar alguns milhares de caracteres, centenas de milhares de palavras compostas são criadas. Tradicionalmente, uma palavra composta é considerada como uma combinação de duas ou mais palavras independentes, tais como “guarda-chuva”, que consiste em “guarda” e “chuva”. Em japonês, um composto pode ser resultado de qualquer combinação de palavras que, juntamente com formas e afixos, funcionam como uma única palavra. O composto resultante é distinto, mas seus componentes constituintes estão a ele relacionados. Por exemplo, o composto 「造船所」 (ぞうせんしょ), que significa “estaleiro”, consiste na palavra independente 「造船」 (construção naval) seguida do sufixo “lugar” 「所」;

II. Derivação: é a criação de novas palavras pela adição de um elemento, tal como um sufixo que expresse um significado gramatical e não lexical, ao radical. Por exemplo, o substantivo 「くろ」 (黒) = cor negra é combinado com o sufixo formador de adjetivo 「し」, que devido a mudanças eufônicas que serão estudas mais adiante, atualmente temos 「い」, para formar o adjetivo 「くろい」 (黒い) = negro.

9.7. OS AFIXOS

Antes de prosseguirmos, leia a definição de dois vocábulos:

1) RADICAL: parte da estrutura de uma palavra que contém seu significado básico (morfema básico);

2) AFIXO: é um morfema que pode ser ligado ao radical da palavra, formando assim uma nova palavra, chamada no português de palavra derivada. Dependendo do local onde se encontra, o morfemas pode ser chamado de prefixo, sufixo ou infixo (que não usaremos no japonês).

Feitas essas definições, um PREFIXO é quando o afixo é adicionado no início da palavra. Já o SUFIXO é quando o afixo é adicionado no final da palavra. Assim, numa palavra podemos ter:

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NOTA: não esqueça de considerar possíveis mudanças sonoras que podem ocorrer ao se juntar os elementos citados.

Os prefixos [「せっとうご」 (接頭語)]  são a chave para entender as muitas palavras em japonês. Se você não conseguir encontrar uma palavra em um dicionário, é provavelmente por que a palavra que você está procurando tem um prefixo ou um sufixo.

Diferentemente dos sufixos, um prefixo nunca vai mudar a classe de uma palavra. Em termos de etimologia, há três tipos de substantivos em japonês: palavra nativa, Kango e Gairaigo, e isso também se reflete nos prefixos. No entanto, substantivos e prefixos não estão limitados ao outro com base na etimologia.

Os prefixos podem ser usados com substantivos, verbos, adjetivos e palavras emprestadas. No entanto, focaremos em alguns prefixos usados com os substantivos e Gairaigo, apenas para que você tenha uma noção de como funcionam:

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Com o afluxo de expressões estrangeiras, há também os prefixos estrangeiros. Abaixo, segue uma lista com alguns exemplos:

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Os sufixos [「ごまつ」 (語末)] são elementos que, acrescentados a uma palavra, podem mudar sua classe. Na língua japonesa são muito numerosos, mas por hora, seguem alguns exemplos:

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Com tudo o que foi exposto neste tópico até aqui, agora temos uma noção geral de como se dá a formação de palavras na língua japonesa. Acontece que as coisas não são tão simples assim. Isso porque quando afixos são anexados aos radicais, em algumas ocasiões, podem ocorrer alterações sonoras em algum desses elementos.

Além dos já conhecidos Onbin e Rendaku, apresentaremos outro fenômeno que na linguística é chamado de “apofonia” (também conhecido como "ablaut", sendo este termo o mais comum na literatura linguística de grande prestígio). Em linhas gerais, trata-se da variação de vogal da raiz ou do afixo. Por exemplo, em português temos a palavra “difícil”, que se origina de “Di+fácil”, onde o "a" variou para "i" em função do afixo.

Em japonês também existe este fenômeno e ele é chamado de 「母音交替」(ぼいんこうたい), que numa tradução literal significa “mudança de vogal”. Por exemplo, a palavra 「まぶた」 que, significa “pálpebra”, originou-se da junção das palavras 「目」 (め) = olho e 「蓋」(ふた) = cobertura, tampa. Veja como aqui dois fenômenos ocorreram:

1) Apofonia, onde 「目」 (め) passa a ser pronunciado 「ま」;

2) Rendaku, onde 「蓋」 (ふた) passa a ser pronunciado 「ぶた」.

Sendo assim, o que seria 「めふた」 tornou-se 「た」.

Infelizmente, parece não haver regras claras com relação a quando deve haver apofonia ou mesmo quais as alterações que devem ser feitas, mas as ocorrências mais comuns são a alternância de 「えだん」 para 「あだん」 e 「いだん」 para 「うだん」 ou 「おだん」.

Outro ponto importante é que há ideias que são transmitidas por meio da anexação de um sufixo e não por palavras ou partículas (Lição 13). Pode ser um sufixo anexado a uma palavra ou mesmo a uma forma verbal. Por exemplo, em português na oração “Trabalhei na empresa por 6 meses”, a ideia de duração da ação é indicada pela preposição “por”, que aqui significa “ao longo de”. Em japonês tal ideia é indicada pelo sufixo 「かん」 (). Veja:

6ヶ月 = Período de 6 meses → 6ヶ月 = Por (ao longo de) um período de 6 meses.

Entender as maneiras de formar (novas) palavras irá ajudá-lo a inferir significados de palavras desconhecidas, bem como a formar novas palavras, assim como fazemos em português. Por exemplo, você enxerga a diferença entre “ligar” e “DESligar” e entre “fazer” e “DESfazer”, não é mesmo? Instintivamente, pela exposição à língua portuguesa, você sabe que o prefixo “DES” passa a ideia de “anular (uma ação)”. Aliás, repare como os afixos permitem que façamos menos esforço, pois podemos diminuir o número de palavras que são necessárias para transmitir uma mensagem. Por exemplo, no verbo “DESligar”, o pequeno prefixo “DES” carrega a ideia de “anular a ação de”, como mencionamos. Uma pessoa poderia dizer, por exemplo, “Eu vou ‘anular o ato de ligar’ a TV, contudo, ela necessitaria de mais palavras. Podemos montar o seguinte quadro:

No nosso exemplo, podemos dizer que o prefixo “DES” substitui quatro palavras, formando uma nova palavra independente, isto é, “desligar”. Do ponto de vista japonês, entender essa possibilidade de economia que temos com o uso dos afixos é muito importante. Como cada Kanji tem seu significado, muitos deles são usados como afixos para outras palavras a fim de “eliminar” a necessidade do uso de mais palavras para transmitir um conceito.

Alguns podem afirmar que essa preferência pelo uso de afixos acaba aumentando desnecessariamente o número de palavras, causando dificuldades para os estudantes. Se já existe uma palavra própria para determinado conceito, mas o estudante não a conhece, ele vai tentar expressar esse conceito usando mais palavras, podendo soar estranho. Por exemplo, se um estudante de português não conhece o verbo “desligar”, ele vai tentar expressar essa ideia por meio das palavras que ele conhece, como “anular o ato de ligar”. Nós nativos da língua portuguesa entenderíamos isso, mas soaria estranho.

Entretanto, ainda que a preferência pelo uso de afixos possa aumentar o número de palavras próprias para diferentes ideias, se você aprender pelo menos os afixos mais comuns, isso já não será um problema! Por exemplo, se por ventura em português, você se deparar com a palavra “DESver”, mesmo ela não existindo (ainda), entenderá o seu significado, que é “anular o ato de ver”. Você entenderá a ideia por trás da nova palavra sem precisar do dicionário! Você entenderá pela presença de um afixo e em alguns casos, também pelo contexto. No caso do japonês, quando um Kanji é usado como afixo, geralmente têm a mesma pronúncia dentro do conjunto. Por exemplo, vamos filtrar no “Dicionário “Ganbarou Ze!” o Kanji 「毎」, que significa “todo”, “cada”, sendo usado no início das palavras (consulta feita em 10/05/2022). Temos:

Com a exposição constante ao idioma, seremos capazes de perceber essas ocorrências e deduzir significados. Mesmo que possa haver muitas palavras independentes, por meio dessas associações, poderemos aprender várias palavras de uma só vez.

Veja como esses conceitos podem tornar o seu aprendizado de vocabulário muito mais fácil e divertido, pois, dado o princípio do menor esforço, palavras mais complexas tendem a ser formadas a partir das palavras (ou afixos) mais simples e comuns, de acordo com as necessidades de comunicação de cada época. Por isso, ao se deparar com uma palavra complexa, procure desmembrá-la e tente entender a lógica de sua formação.

Há ferramentas chamadas “analisador morfológico” como o “Kuromoji” que podem auxiliar nessa tarefa. Vamos analisar, por exemplo, a palavra 「うんてんしゃ」(運転), que significa “motorista”, “condutor”:

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A análise nos mostra que a palavra 「運転者」 é produto da junção de dois elementos: do substantivo 「うんてん」(運転), que significa “operação”, “condução” e do sufixo 「しゃ」(者), que significa “pessoa”. Assim, quando nos depararmos com esse sufixo anexado a outra palavra, sabemos que ela significa “pessoa que faz [palavra]”. E se você já conhecer  o significado da palavra anexada ao sufixo, será capaz de entender o conjunto sem consultar o dicionário, como se fosse uma “nova palavra”. Usamos as aspas, porque na verdade, não haveria nada de novo; apenas seriam elementos conhecidos combinados para transmitir outra ideia.

Vejamos mais um exemplo, agora analisando a palavra 「とうろくしゃすう」(登録者数). Essa palavra é interessante porque ainda não consta em dicionários baseados no popular projeto EDICT (a data da consulta é 20/10/2021):

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Sendo assim, vamos considerar que ela seja uma “palavra recente”. Vamos usar o “Kagome, outro analisador morfológico:

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Temos que とうろくしゃすう」(登録者数) é a combinação de três elementos:

➩ Substantivo 「とうろく」(登録), que significa “registro”, “inscrição”;

➩ Sufixo 「しゃ」(者), que significa “pessoa”;

➩ Sufixo 「すう」(数), que significa “número”, “quantidade”.

Sendo assim, 「とうろくしゃすう」(登録者数), significa literalmente “quantidade de pessoas inscritas”, termo usado, por exemplo, para apontar o número de inscritos em um canal do Youtube.

Vamos analisar agora a longa palavra 「はっけっきゅうげんしょうしょう」(白血球減少症):

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Temos que 「はっけっきゅうげんしょうしょう」(白血球減少症) é a combinação de três elementos:

➩ Substantivo 「はっけっきゅう」(白血球), que significa “leucócito”;

➩ Substantivo 「げんしょう」(減少), que significa “redução”;

➩ Sufixo 「しょう」(症), que significa “doença”.

Então, 「はっけっきゅうげんしょうしょう」(白血球減少症) literalmente significa "doença da redução de leucócitos", o que chamamos em português de "leucopenia".

Aliás, há quem reclame do fato de os japoneses usarem elementos chineses para a formação de palavras japonesas. Entretanto, esse recurso – usar elementos de outras línguas na formação de palavras – NÃO é exclusividade da língua japonesa. No português, por exemplo, usa-se muitos elementos gregos e latinos para a formação de palavras! A própria palavra "leucopenia" é toda baseada no grego. Ela se origina de "LEUKOS" (branco) e "PENIA" (pobreza, escassez).

Você perceberá que fazer esse tipo de análise e desmembramento facilitará a memorização, pois muito provavelmente sempre se deparará com os mesmos elementos, apenas combinados com outros. Como apontam alguns estudos, o cérebro precisa ser exposto em média 20 vezes a uma palavra até que haja a consolidação na memória e a pessoa passe a utilizá-la. E, se analisarmos bem, é assim que aprendemos nosso idioma materno e novas palavras: pelo uso constante (repetição) das mesmas coisas e buscando, seja instintivamente, seja de forma consciente, uma relação (associação) entre essas coisas. Aliás, uma ferramenta que pode auxiliar no apontamento de elementos comuns (Kanjis somente) em diferentes palavras é o site “Suiren”:

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9.8. ABREVIAÇÕES

Abreviações [「りゃくご」 (略語)] são muito importantes na língua japonesa. Expressões e palavras tendem a ser abreviadas quando se tornam muito longas. Na verdade, o próprio termo japonês para “abreviação” é uma abreviação de 「せいりゃくご」 (省略語). Algumas abreviações datam de centenas de anos atrás. Por exemplo, o som 「ぼん」em “Festival Obon” é na realidade uma contração de 「うらぼんえ」 (盂蘭盆会). Como você já sabe, novas expressões eram (ou são) muitas vezes abreviadas. Outros exemplos incluem 「ハンカチ」, proveniente de “handkerchief” = “lenço” em inglês, e 「ごりん」 (五輪), que se referia às Olimpíadas de Berlim, mas significa apenas “Olimpíadas”. As palavras abreviadas mais comuns são Gairaigo e Jukugo (composições de Kanjis), mas contrações em conjugações verbais e outras palavras nativas existem.

Legendas em reportagens e artigos são conhecidos pelo uso excessivo de abreviações. Na verdade, muitas palavras abreviadas tornaram-se populares devido a esta prática. Há também um bom número de palavras que foram abreviadas de forma diferente dependendo do dialeto. Também, expressões e palavras em japonês são abreviadas de forma ligeiramente diferente uma das outras. Os quadros abaixo ilustram os métodos relacionados com a abreviação, com as partes das expressões ou palavras que são usadas em cada um:

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No próximo quadro, seguem alguns exemplos (os caracteres vermelhos na coluna “ORIGEM” são os que foram retirados):

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9.9. A EVOLUÇÃO DA PRONÚNCIA

Pronúncia

Depois de conhecer os fenômenos Onbin, Rendaku, Tenko e apofonia, bem como as abreviações, você deve estar se perguntando “por que há tantas mudanças sonoras nas palavras”? Bem, isso se trata de um processo natural e gradual de qualquer idioma ao longo dos séculos. Para tentar sintetizar a causa dessas mudanças de pronúncia, reproduziremos abaixo um interessante artigo do professor Paulo Hernandes (link aqui):

Você sabia... que há duas forças poderosas que impulsionam as mudanças na forma das palavras? São elas a lei do menor esforço (ou lei da economia fisiológica) e a analogia. Essas forças sempre atuaram e continuam atuando nas línguas em geral e na portuguesa, em particular.

Os usuários da língua - os falantes - tendem a pronunciar as palavras da forma mais fácil e para isso retiram ou acrescentam sons com o passar do tempo. Foi assim que o latim legenda transformou-se no português "lenda" e spiritu passou a "espírito".

Esse fenômeno continua a acontecer, como podemos observar em para, que se está transformando em "pra" (na língua falada, há muito tempo e já se começa a ver aqui ou ali na escrita). Da mesma forma, pneu já é "peneu" na fala e sua oficialização na escrita é questão de tempo.

A analogia opera com base em formas regulares, que servem de modelo para outras se modificarem. "Os fatos mais comuns e gerais são os que servem de modelo para os outros; raramente se dá o contrário" e "A princípio, as formas analógicas são tachadas de errôneas pelas pessoas instruídas" (COUTINHO, 1958), mas depois muitas acabam por prevalecer. Assim, verbos como impedir e despedir - que ainda no século XVII eram conjugados no presente do indicativo como "eu impido", "eu despido" -, por analogia com pedir, com o qual nada têm a ver, passaram a "impeço", "despeço", etc. Da mesma forma, o latim stella deveria ter originado a forma portuguesa "estela" (existe uma "estela" - coluna de pedra -, mas que tem outra origem), mas deu "estrela". Esse "r" apareceu por analogia com "astro".

A analogia continua agindo, mais bem observada na linguagem inculta e na das crianças. Quando um pequenino diz fazi em vez de "fiz", está se baseando em outro verbo da mesma conjugação, por exemplo, "correr". Dessa maneira, correr está para corri assim como fazer está para...fazi, claro.

O falante inculto usa "ponhar", em vez de "pôr", por analogia com verbos de sonoridade parecida da primeira conjugação, terminados em "ar" (que são a maioria), como "sonhar". Portanto, sonho está para sonhar assim como ponho está para...ponhar.

Essas evoluções distinguem a oralidade da escrita sem, contudo, terem real impacto na "gramática" dessa mesma língua. Essa evolução diária nem sempre é duradoura, e normalmente os processos que ocorrem variam ao longo do tempo. Assim, vamos considerar a lei do menor esforço e analogia e enumerar os fenômenos que podem acontecer.

Esqueça por enquanto as nomenclaturas japonesas para as alterações sonoras, pois vamos usar a língua portuguesa como exemplo, mas é claro, isso vale para qualquer idioma e certamente as alterações sonoras japonesas poderão ser encaixadas em um ou mais grupos.

Decorrentes da lei do menor esforço e analogia, as mudanças de pronúncia podem ser divididas em três grupos, cada um tendo suas subdivisões. Vejamos:

I. ADIÇÃO DE SOM

Prótese: quando se acrescenta um som no início da palavra. → mostrar > amostrar;

Epêntese: quando se acrescenta um som no interior da palavra. → pneu > peneu;

Paragoge: quando se acrescenta um som no final da palavra. → amor > amore.

II. SUPRESSÃO DE SOM

Aférese: quando um som é suprimido no início da palavra. → estou > tou;

Síncope: quando um som é suprimido no interior da palavra. → poer (português arcaico) > pôr (português atual);

Apócope: quando um som é suprimido no final da palavra. → disse à Ana > diss'à Ana.

III. ALTERAÇÃO DE SOM

Assimilação: quando sons próximos influenciam outros. → mentir > mintir;

Dissimilação: quando um som desaparece ou modifica-se para evitar que surjam sons iguais ou semelhantes (próximos ou não) numa palavra. Por exemplo, a palavra “rainha”, que se originou do latim “regina(m)”: se a evolução fosse normal, o resultado seria "reinha", entretanto, dada a presença de dois fonemas muito próximos (/e/ e /i/), ocorreu a dissimilação, isto é, a mudança de /e/ para /a/, distanciando-se do /i/;

Nasalização: quando uma vogal se torna nasal devido a outro som nasal. → mesa > mensa;

Vocalização: quando uma consoante se torna uma vogal. → animal > animau;

Ditongação: quando uma vogal dá origem a um ditongo. → coelho > coeilho;

Metátese: quando um som muda de posição numa palavra ou numa sílaba. → hás-de > há-des;

Sinérese (contração): quando duas vogais se transformam num ditongo. → compreender > compriender.

9.10. O FENÔMENO “PALAVRA INVERTIDA”

Neste tópico, vamos tratar de um assunto que provavelmente você nunca ouviu falar. De forma simples, esse fenômeno trata-se de palavras invertidas e é chamado 「ぎゃくよみ」 (逆読み), “leitura às avessas” ou ainda 「とうご」 (倒語), “palavra invertida”. Esse fenômeno é análogo ao “verlan”, que existe na língua francesa, caracterizado pela inversão da posição das sílabas ou das letras da palavra. O nome vem de l'envers (pronunciado lanver, em francês), que significa "o inverso".

É utilizado principalmente por jovens, como um conjunto de gírias, ou um método de criação de novas gírias. Servem para serem usados como nomes artísticos, para fazer humor e outras coisas do gênero.

Voltando para a língua japonesa, esse tipo de palavra se popularizou ainda mais durante o Período Edo (1603 – 1868). Um exemplo que é usado até hoje é「キセル」, que significa “cachimbo” e invertido torna-se 「セルキ」. É claro que o modo como a palavra é invertida pode variar e também devemos considerar que essas inversões existiram no japonês por algum tempo, apesar que esse tipo de mudança pode acontecer em qualquer língua, independentemente da geração.

O objetivo dessas inversões é trazer algum tipo de ênfase e, embora a utilização dessas inversões seja bastante variada, são geralmente tratadas como linguagem restrita a um grupo. Em japonês, isso normalmente gera uma visão negativa, e quase que certamente irão ser conhecidas e utilizadas apenas por um pequeno grupo de pessoas. Vejamos alguns exemplos:

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Também é importante notar que a “leitura às avessas” é frequentemente utilizada em nomes de marca. Vejamos alguns exemplos:

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9.11. O SENTIDO DAS PALAVRAS

Já sabemos de onde se originaram os elementos que compõem o conjunto de palavras da língua japonesa, quais são os principais processos de interação entre eles para a formação de novas palavras e também aspectos da pronúncia e suas alterações ao longo dos séculos. Agora, vamos abordar mais profundamente o assunto “sentido das palavras”.

Uma língua é um elemento vivo que também evolui e que se transforma a cada minuto. Palavras e expressões que marcam uma geração podem facilmente ser esquecidas na década seguinte. Algumas pessoas se espantam com a velocidade com que o idioma assimila alguns vocábulos e com sua tendência a descartar elementos linguísticos que, à primeira vista, pareciam eternos e imunes às mudanças.

Mesmo que cause estranheza, essa evolução da língua é parte da eterna necessidade de renovação a que todos estão irremediavelmente atados. Não se trata, portanto, de dizer que uma língua está sendo destruída por seus falantes atuais ou que as "pessoas de antigamente" tinham mais cuidado com o vernáculo, ou, pior ainda, de preconizar que "os jovens estão matando o idioma" cada vez que falam. O que há, na verdade, é uma adequação da linguagem a uma época é às situações impostas pelo próprio cotidiano. Pode-se dizer que essa adequação do idioma às necessidades de cada época se dá através de um de três processos:

(1) a importação de uma palavra estrangeira que já expresse o conceito desejado;

(2) a “construção” de uma nova palavra através da junção de elementos significativos já existentes no idioma (ou mesmo derivado de outros);

(3) a mudança semântica, isto é, a mudança de significado de uma palavra através dos tempos. Em alguns casos, o significado da palavra mutante em nada lembra a essência do estágio anterior da língua.

Vamos neste tópico nos focar na mudança semântica. Vejamos as “causas” mais comuns para esse fenômeno (usaremos a língua portuguesa como exemplo, mas as causas aqui apontadas acontecem em qualquer idioma):

A) METONÍMIA E METÁFORA: os processos mais comuns que levam à mudança no significado de uma palavra são as metonímias e as metáforas. Metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Por exemplo, "Palácio do Planalto" é usado como um metônimo (uma instância de metonímia) para representar a presidência do Brasil, por ser localizado lá o gabinete presidencial. Já a metáfora é a comparação de palavras em que um termo substitui outro. É uma comparação abreviada em que o verbo não está expresso, mas subentendido. Por exemplo, ao dizer que um amigo "está forte como um touro", obviamente não significa que ele se parece fisicamente com o animal, mas está tão forte que faz lembrar um touro, comparando a força entre o animal e o indivíduo.

A metonímia é bem mais produtiva do que a metáfora como processo modificador do significado das palavras. Uma das suas ocorrências mais freqüentes é na criação de nomes para novos objetos, conceitos ou ramos do conhecimento, e é interessante notar que muitas vezes, embora estas novas denominações sejam extremamente transparentes, raros são aqueles que percebem sua origem como veremos nos exemplos abaixo:

- A palavra “músculo” designava um pequeno rato, sendo o diminutivo do latim “mus” (que deu origem ao “mouse” do inglês); como os médicos da Idade Média, ao olharem para o músculo exposto de um paciente, o acharam parecido com um filhote de rato, sem pêlo, deram-lhe o nome de “musculu(m)”, que se mantém em várias línguas até os dias de hoje.

Já as metáforas são bem menos produtivas, talvez por serem mais profundas e poéticas, na evolução de novos significados das palavras. Também nesse caso, a maioria dos falantes muitas vezes não faz ideia da origem da palavra, embora seja bastante óbvio, como veremos nos exemplos seguintes:

- A palavra “porco” indicava originalmente uma espécie de animal e passou a indicar, por um processo metafórico, as pessoas que são sujas como um porco.

B) MUDANÇAS PEJORATIVAS: muitas mudanças de significados são pejorativas, ou seja, palavras de sentido positivo ou neutro adquirem um matiz pejorativo. Essas palavras são importantes por retratarem os hábitos, os pensamentos e os preconceitos de uma determinada época:

- A palavra “vilão” tinha o significado original de “habitante de uma vila”; devido ao preconceito que as pessoas da época tinham contra os pobres, que moravam nas vilas, a palavra vilão foi desenvolvendo, pouco a pouco, o sentido de “grosseirão”, “malvado”;

- A palavra “rapariga” tinha (e, em Portugal, ainda tem) o sentido de “moça”, “mulher jovem”; como muitos homens abastados de outrora tinham raparigas como concubinas, o português do Brasil passa a diferenciar “moça” (necessariamente virgem) de “rapariga” (que podia ou não ser virgem), ficando o termo “rapariga”, principalmente no Nordeste, quase como sinônimo de prostituta.

Às vezes, as mudanças pejorativas têm por origem um eufemismo (palavra usada em lugar de outra, para atenuar seu sentido negativo ou ofensivo), que perde sua razão de ser, como é o caso dos exemplos seguintes:

- A palavra “cretino”, usada hoje em dia para indicar uma pessoa de pouca inteligência ou estúpida, provém de uma palavra francesa que significava “cristão”; como era costume usar-se o eufemismo pobre cristão ou cristão para designar os loucos, a palavra adquiriu aos poucos o sentido de “louco” e finalmente seu sentido atual;

- A palavra “idiota” significava simplesmente “diferente”; como era usada para indicar os deficientes, principalmente os deficientes mentais (à maneira da palavra “especial” hoje em dia), aos poucos adquiriu esse sentido, de deficiente mental, de estúpido.

C) MUDANÇAS AMELIORATIVAS: outro tipo de mudança de significado é aquela que podemos chamar de ameliorativa, em que uma palavra de sentido negativo (ou neutro) adquire um sentido positivo. Normalmente, tratam-se de termos grosseiros ou jocosos que são atenuados com o passar dos anos, como podemos constatar abaixo:

- A palavra “perna” indicava originalmente “perna de animal” (equivalente aos termos atuais “pernil” ou “pata”); devido ao seu constante uso em relação às pernas dos seres humanos, ela adquire o sentido de perna humana ou animal, que mantém até hoje;

- A palavra “barriga” era pejorativa, significando inicialmente “barrica (pequeno barril)”; com o tempo ela passa a indicar o ventre, seja magro ou gordo.

D) MUDANÇAS DEVIDAS AO TABU: muitas vezes, uma palavra deixa de ser usada devido a ter-se tornado um tabu, uma palavra proibida, seja por medo, por delicadeza ou por decência. Nesses casos, outra palavra, geralmente um eufemismo, vem substituir a palavra que não pode ser dita, fazendo com que esta nova palavra desenvolva um novo significado. Seguem alguns exemplos que ilustram bem esse processo:

- A palavra “diabo”, do grego “diabolon”, possuía originalmente o sentido de “opositor”, sendo usada em decorrência do tabu de medo para evitar que fosse dito o nome do ente diabólico (da mesma forma que, hoje em dia, as igrejas cristãs fundamentalistas usam o eufemismo o Inimigo); com o tempo esse eufemismo adquire o sentido de ente diabólico;

- A palavra “miserável”, por seu caráter pejorativo muito forte, passa a ser substituída, devido ao tabu de delicadeza, pela palavra “excluído”, que pouco a pouco vai adquirindo o significado de miserável.

E) ESPECIALIZAÇÃO DO SIGNIFICADO: certas palavras desenvolvem um novo sentido quando são postas num contexto diferente daquele em que costumavam ser empregadas, naquilo que se chama de “especialização de significado”, como podemos constatar nos exemplos abaixo:

- A palavra “companhia” significava simplesmente o oposto de solidão; quando utilizada no âmbito do comércio, passa ater o significado de empresa que têm vários donos;

- A palavra “ação” indicava um movimento para realizar algo; no âmbito jurídico, passa a indicar um tipo de processo, enquanto que no âmbito financeiro passa a indicar um documento de uma operação de risco;

- A palavra “foca” indica um mamífero aquático; empregado no âmbito jornalístico, significa repórter inexperiente.

F) AMPLIAÇÃO DE SIGNIFICADO: certas palavras passam de um significado original mais restrito para um significado mais geral, como podemos constatar pelos exemplos abaixo:

- A palavra “armário” indicava na Idade Média um lugar específico para se guardar as armas; por um processo de ampliação de significado, ela passa a designar qualquer móvel destinado a guardar coisas;

- A palavra “paquerar” designava especificamente observar pacas com intuito de caçar; num processo de ampliação de significado, passa a indicar observar pessoas com interesse;

- A palavra “clássico” indicava apenas os autores e obras que eram lidos em classe (sala de aula); por um processo de ampliação de significado passa a indicar qualquer autor ou obra aclamado ou famoso.

G) RESTRIÇÃO DE SIGNIFICADO: num processo inverso ao descrito no item anterior, algumas vezes palavras de significado geral passam a ter um significado mais restrito, como podemos verificar pelos exemplos abaixo:

- A palavra “ministério” significava originalmente o ofício de alguém, aquilo que uma pessoa devia fazer; com o tempo, há uma restrição de significado e a palavra ministério passa a indicar somente o ofício de um sacerdote ou o lugar dos ministros;

- A palavra “paixão” indicava qualquer emoção profunda, positiva ou negativa (daí a Paixão de Cristo); atualmente, houve uma restrição de significado e o termo paixão passou a indicar apenas emoção profunda positiva;

- A palavra “cachorro”, proveniente do basco, indicava qualquer tipo de filhote; por um processo de restrição de significado, passa a indicar filhote de cão e o próprio cão.

H) EQUÍVOCOS DE INTERPRETAÇÃO: uma das causas mais estranhas e fascinantes da mudança de significado é aquela que ocorre devido a um equívoco na interpretação da palavra. Como neste tipo de situação cada caso é um caso, vejamos alguns bem interessantes:

- A palavra “missa” não tinha nada a ver com a cerimônia religiosa, constituindo o particípio passado do verbo mittere ("enviar, mandar, dispensar"). Nas igrejas primitivas, nos primórdios do Cristianismo, o culto era dividido em duas partes: a primeira, composta de orações, leituras bíblicas e de um sermão, que era aberta a todos; a segunda (a eucaristia) era reservada somente aos já batizados e a portas fechadas. Por isso, no final da 1ª parte, dizia-se aos não batizados a fórmula "Ite, missa est", que significa, aproximadamente, "Podem ir, [vocês] estão dispensados". Entretanto, o povo entendeu erroneamente que a palavra missa era o nome da cerimônia, significado que se mantém até hoje;

- A palavra “acusativo” para designar o objeto direto deriva de um erro de leitura da palavra causativo que perdura até hoje;

- A palavra “floresta” tinha o significado original de área do lado de fora da cidade e era escrita “foresta” (conferir o inglês “forest” e o francês “forêt”); como a parte de fora da cidade normalmente era arborizada, o povo entendeu que ela era derivada de flora e significava mata, daí sua forma e significado atuais.

I) PALAVRAS QUE CONTAM HISTÓRIAS: certas palavras têm uma história tão interessante que vale a pena contá-las; elas são parte da própria história e nos ajudam a entender melhor o mundo em que vivemos e o mundo do qual viemos. Deleitemo-nos, pois, com essas palavras que contam histórias:

- A palavra “escravo” serve para que tenhamos uma visão mais ampla do problema da escravidão, muitas vezes situada apenas em termos da escravidão negra. Faz-se necessário entender que a escravidão era uma prática plenamente aceita, assim como a guerra e o saque, em tempos bem mais cruéis que os atuais. A escravidão primordial, que se estendeu por toda a Antiguidade, era basicamente uma escravidão de homens brancos, o que é cabalmente demonstrado pelo fato de a palavra escravo ser oriunda de “sclavu(m)”, que por sua vez provém de “slavu(m)”, que significava “eslavo”, um povo que vivia nas fronteiras do Império Romanoe era frequentemente capturado para servir de escravo, daí a evolução do significado da palavra para o significado que permanece até hoje;

- A palavra “rastaquera”, do francês “rastra coeur”, indicava originalmente o novo rico, o afetado, que “arrastava o coração” (rastra coeur) pela Europa e desprezava as coisas e costumes do Brasil; o fato de ela ter evoluído para indicar indivíduo sem valor, sem qualidade, mostra bem o estofo de que eram feitos esses “emergentes” de outrora.

9.12. AS PARTES DO DISCURSO

Aprendemos quais são as três fontes lexicais da língua japonesa, os principais aspectos da formação de palavras e seus sentidos. Por fim, vamos ver como elas são agrupadas, isto é, quais são as classes de palavras, ou como são comumente chamadas em japonês, “partes do discurso” [「ひんし」 (品詞)]. Devido à fonética limitada da língua japonesa, é muito importante que você as conheça, a fim de interpretar as coisas. Saber quais são as partes do discurso, como usá-las e identificá-las irá ajuda-lo muito em seus estudos.

Existem 11 partes do discurso no japonês. Vejamos:

1. Substantivos [「めいし」 (名詞)]: palavras que são uma pessoa, lugar ou coisa;

2. Pronomes [「だいめいし」 (代名詞)]: palavras que se referem a eu, você, ele, etc;

3. Verbos [「 どうし」 (動詞)]: palavras que descrevem uma ação ou processo;

4. Adjetivos [「けいようし」 (形容詞)]: palavras que descrevem uma condição;

5. Verbos-Adjetivos [「けいようどうし」 (形容動詞)]: palavras que também descrevem uma condição;

6. Partículas [「じょし」 (助詞)]: palavras que mostram certo tipo de relação gramatical;

7. Verbos Auxiliares [「じょどうし」 (助動詞)]: alteram o sentido de partes do discurso flexionáveis;

8. Interjeições [「かんどうし」 (感動詞)]: palavras que descrevem uma emoção;

9. Conjunções [「せつぞくし」 (接続詞)]: palavras ou frases que conectam uma oração a outra;

10. Atributivos [「れんたいし」 (連体詞)]: palavras que modificam substantivos;

11. Advérbios [「ふくし」 (副詞)]: palavras que modificam verbos, adjetivos e verbos-adjetivos;

As palavras podem ser independentes [「じりつご」 (自立語)] ou dependentes [「ふぞくご」 (付属語)], e flexionáveis ou inflexionáveis. As palavras independentes podem ser entendidas por si mesmas, ao passo que as dependentes necessitam de um contexto para serem compreendidas.

As únicas partes do discurso que são dependentes são as partículas e os verbos auxiliares, e as únicas que são flexionáveis (podem ser conjugadas) são os verbos, adjetivos, verbos-adjetivos e verbos auxiliares.

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