4. NÚMEROS

Há duas maneiras de escrever os números em japonês: em algarismos arábicos (1, 2, 3), ou em algarismos chineses (, , ). Os algarismos arábicos são mais frequentemente usados na escrita horizontal, e os números chineses são mais comuns na escrita vertical. Uma das particularidades do sistema numérico japonês e que pode tornar a conversão difícil, é que, seguindo a tradição chinesa, grandes números são criados pelo agrupamento de dígitos em miríades (a cada 10.000) em vez dos milhares ocidentais (1.000), portanto, possuem quatro dígitos. Observe:

No entanto, graças à forte influência do mundo ocidental e a padronização de números, quando os números são realmente escritos, a cisão parcial é de três dígitos. Aqui estão os primeiros 10 números:

Com relação à leitura, a maioria dos números tem duas leituras, uma derivada do chinês, usada para números cardinais, e uma leitura nativa, usada para números ordinais, apesar de existirem algumas exceções em que a versão japonesa é a preferida para ambos.

Finalmente, para melhor entendermos como os números japoneses são formados, vamos fazer uso do conceito de ordens, ou seja, a divisão que se faz dos números em unidade, dezena, centena, milhar etc. Assim, temos:

Seguindo a tabela acima, por exemplo, o número 632, seria representado assim: Ou seja, o número 632 vem da soma (600 + 30 + 2). Perceba como sempre vamos da ordem maior para a ordem menor.

Vamos a mais um exemplo, agora com o número 2.009. Primeiramente, vejamos a divisão deste número em ordens: Veja que, se considerarmos a maior ordem que compõe o número em questão, começaremos pela unidade de milhar, que temos 2, ou seja, 2.000. Depois, a ordem seguinte é a centena, que não temos nenhuma, bem como a dezena que também não temos. Finalmente, na primeira ordem temos 9 unidades. Sendo assim, somando-se as ordens, 2.009 é (2.000 + 0 + 0 + 9). Tendo estes conceitos em mente, será muito fácil você entender a lógica dos números japoneses.

Com o grande número de palavras chinesas adaptadas e integradas à língua japonesa, vieram os números chineses. As leituras On dos números são as mais importantes e são usadas principalmente para números cardinais, isto é, que indicam o número ou quantidade dos elementos constituintes de um conjunto. Vejamos as leituras On de 0 a 10:

Nos tempos antigos, os números 4 e 9 costumavam ser renomeados para 「よん」 e きゅう」, porque し」 e 「く」 eram homófonos de “morte” [「し」 ()] e “agonia” [「く」 ()]. Tal prática continua até hoje, exceto para 9 em alguns casos. Já o número 7 é renomeado 「なな」 nos números acima de 10 para que não haja confusão com o som 「いち」.

Você pode contar de 1 a 99 se simplesmente aprender os números até 10. O japonês é mais fácil neste quesito, porque você não tem que memorizar as palavras separadas, como "vinte" ou "cinquenta". Para formar números de 1 a 19, lembre-se do conceito de ordem e que os números são originados das somas entre elas. Portanto, por exemplo, 11 nada mais é do que (10 unidades + 1) e assim por diante. Sendo assim, temos:

11 = じゅういち (10 じゅう」 + 1 いち」)

12 = じゅうに (10 じゅう」 + 1 に」)

Simples, não é mesmo? Agora, para formar os números de 20 a 90, basta “contar os dez”. Por exemplo, 20 é “dois dez” (2x10) e assim por diante:

20 = にじゅう (2 「に」 x 10 じゅう」)

30 = さんじゅう (3 「さん」 x 10 「じゅう」)

E se quiser dizer, por exemplo, 21, basta pensar que este número nada mais é do que (20 + 1). Assim, temos:

21 = にじゅういち (20 「にじゅう」 + 1 「いち」)

83 = はちじゅうさん (80 「はちじゅう」 + 3 「さん」)

Agora, observe os números maiores de 99: Para formar números de 100 a 999, basta “contar os cens”. Por exemplo, 200 nada mais é do que “dois cens” (2 x 100), e assim por diante:

200 = にひゃく (2 「に」 x 100 「ひゃく」)

Para formar os números do meio, basta desmembrar o número tendo em mente a divisão por ordens e soma-los. Por exemplo, veja como fica o número 283:

283 = にひゃくはちじゅうさん (200 にひゃく」 + 80 はちじゅう」 + 3 さん」)

Em números acima de 100, ocorrem mudanças sonoras em alguns números. Vejamos alguns:

300 = さんびゃく (e não 「さんひゃく」)

600 = ろっぴゃく (e não 「ろくひゃく」)

Para formar números de 1.000 a 9.999, basta contar os milhares. Por exemplo, 2.000 são “dois mil” (2 x 1.000):

2.000 = にせん (2 「に」 x 1.000 「せん」)

Para os demais números, o conceito é o mesmo que vimos para o número 283. Por exemplo, veja como fica o número 2.283:

2.283 = にせんにひゃくはちじゅうさん (2.000 にせん」 + 200 にひゃく」 + 80 はちじゅう」 + 3 「さん」)

A partir de 10.000, entramos no sistema de miríades. Sendo assim, por exemplo, 20.000 é “duas miríades” (2 x 10.000):

20.000 = にまん (2 に」 x 10.000 まん」) (e não 「にじゅうせん」).

Para as centenas ou milhares, basta somar às unidades de dez mil:

20.283 = にまんにひゃくはちじゅうさん (20.000 にまん」 + 200 にひゃく」 + 80 「はちじゅう」 + 3 さん」)

32. 283 = さんまんにぜんにひゃくはちじゅうさん (30.000 さんまん」 + 2.000 にせん」 + 200 にひゃく」 + 80 はちじゅう」 + 3 さん」)

No sistema ocidental, após chegar a 1.000, basta multiplicar 1.000 por 1.000 para saber qual a próxima ordem. Assim, 1.000 (mil) → [1.000 x 1.000] = 1.000.000 (milhão) → [1.000.000 x 1.000] = 1.000.000.000 (um bilhão), etc. No sistema japonês, fazemos este cálculo depois de ter passado para 10.000, ou seja, devemos multiplicar por 10.000 para saber qual a próxima ordem. Tendo isso em mente, observe a tabela abaixo: Para formar números maiores, basta seguir os conceitos que aprendemos até agora. Veja os exemplos a seguir:

245.000.000 = におくよんせんごひゃくまん (200.000.000 「におく」 + 45.000.000 よんせんごひゃくまん」). → [4.500 x 10.000 = 45.000.000]

245.352.476 = におくよんせんごひゃくさんじゅうごまんにせんよんひゃくななじゅうろく(200.000.000 「におく」 + 45.350.000  「よんせんごひゃくさんじゅうごまん」 + 2.000 「にせん」 + 400  「よんひゃく」 + 70  「ななじゅう」 + 6  「ろく」 ). → [4.535 x 10.000 = 45.350.000]

Os números são sempre escritos em Kanji ou números arábicos, porque, como você pode observar, com o Hiragana podem ficar bastante longos e difíceis de decifrar:

11 = 十一

33 = 三十三

NOTA: se você ainda tiver alguma dificuldade com os números japoneses, acesse este conversor de números: http://tinyurl.com/6mbkdxz (em inglês).

A língua nativa japonesa possuía seus próprios números antes da influência dos chineses, porém só tinha meios para a contagem até 99.999. Vejamos os números nativos: Os números de 1 a 9 podem ser usados como substantivos através do acréscimo do sufixo 「つ」, recurso provavelmente originado devido à influência da língua chinesa que usava o Kanji 箇」, encontrado nos escritos mais antigos. Alguns acreditam que este caractere representava originalmente um substantivo referindo-se a hastes de bambu, e gradualmente teve o seu uso expandido, sendo transformado em um contador para muitas coisas, tornando-se um contador genérico, porque era usado frequentemente com substantivos comuns. Atualmente, os números nativos normalmente são usados com つ」.

Em japonês, contar objetos é um pouco mais difícil, porque não podemos usar somente o número e o objeto a ser contado, como fazemos em português (ex. dois cachorros). É necessário usar os “contadores” e isso vale para virtualmente todos os substantivos japoneses.

O que tornará ainda mais difícil é que os contadores variam de objeto para objeto, então, você terá que memoriza-los. Isso por que no japonês antigo, ao se atribuir um contador, basicamente se considerou a aparência externa dos objetos, e eles são contados de acordo com uma ou outra característica.

A utilização dos contadores provavelmente começou no Período Nara, devido à influência chinesa, pois a língua japonesa, assim como a língua chinesa, é deficiente em diferenciar singular e plural. Então, começou-se a empregar certos elementos que, anexados aos objetos a serem contados, expressavam a ideia de que a unidade de tal objeto era repetida “X vezes”.

Para melhor entendermos este modo de pensar dos japoneses, achamos que será conveniente usarmos o conceito de substantivo incontável da língua inglesa. Os falantes de inglês entendem que algumas coisas não podem ser contadas diretamente. Os substantivos que se referem a estas coisas são chamados de substantivos incontáveis (uncount nouns). Os substantivos incontáveis não são usados com números. Por exemplo, “money”não se conta: one money, two moneys. O que se conta é a moeda: one dollar, two dollars. No caso das comidas e líquidos, o que se conta é o recipiente: a cup of coffee (um copo de café), a glass of water (um copo de água), three loaves of bread (três fatias de pão), four bars of chocolate (quatro barras de chocolate).

Neste sentido, você pode considerar praticamente que todos os substantivos japoneses são incontáveis, necessitando, portanto, de uma unidade que permita a medição de sua quantidade. Por exemplo, “dois cachorros” em japonês será [にひきのいぬ」 (二匹の犬)]. Veja como にひき」 passa a ser um atributo do substantivo いぬ」 e uma tradução aproximada poderia ser algo como “Cachorro em (quantidade de) dois animais pequenos”. Seria mais ou menos como dizer em português “café em dois pacotes (dois pacotes de café).”, onde “pacote” exerceria a função de um contador, isto é, uma unidade para contar a quantidade de café.

Acredita-se que há cerca de 150 contadores, mas apenas 30 aproximadamente são usados com mais frequência. Vejamos alguns dos mais comuns: Note como novamente temos as mudanças sonoras em alguns casos. Como já mencionamos anteriormente, elas visam tornar a pronúncia mais fácil e fluente. Essas mudanças são seguidas com bastante consistência, mas exceções e variações entre falantes existem.

Alguns dos contadores mais comuns podem substituir os menos comuns. Por exemplo, ひき」 é muitas vezes usado para os animais, independentemente de seu tamanho. No entanto, muitos falantes irão preferir usar o contador correto とう」 quando estiverem falando de animais grandes, como cavalos. Isso gera uma série de contadores possíveis, com diferentes graus de uso e aceitabilidade. Por exemplo, quando alguém pede um kushikatsu, é possível que peçam dizendo 「ふたくし」 (二串) – dois espetos –, にほん」 (二本) – dois palitos –, ou ふたつ」 (二つ) – dois itens. Aqui apresentamos uma ordem decrescente de precisão.